O presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), Pedro Costa Ferreira, lamenta o caos que se verificou no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, nos últimos dias, nomeadamente as longas filas de espera a que os passageiros que chegam ao país têm sido sujeitos.
“O aeroporto de Lisboa, veja-se os acontecimentos de ontem de manhã, representa, simplesmente, uma vergonha nacional. Pior parece-me impossível e, face ao esforço que todas as empresas desenvolveram para resistir durante a pandemia, “apresentar-lhes” este aeroporto é um insulto sem perdão”, refere Pedro Costa Ferreira em declarações feitas ao jornal digital português de economia ‘Dinheiro Vivo’, publicada nesta terça-feira, dia 14 de junho.
O presidente da APAVT, associação que junta uma expressiva parte das agências de viagens portuguesas, tece duras críticas ao funcionamento da infraestrutura e à ausência de pessoal do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) nas horas de pico. “O turismo é uma relação entre pessoas. Tratar as pessoas deste modo, quando elas estão a entrar no país, é cuspir na cara de quem nos estendeu a mão”, aponta.
O elevado fluxo de passageiros tem originado filas de espera no Aeroporto Humberto Delgado desde o passado fim de semana. O SEF esclareceu que no domingo não foi possível preencher, temporariamente, as posições “adequadas ao elevado fluxo de passageiros”, tendo sido “necessário reforçar a segunda linha com inspetores, em detrimento dessas posições, face ao muito elevado número de passageiros intercetados no controlo da primeira linha e que aguardavam entrevista para elaboração de relatórios de ocorrência e decisão sobre a entrada ou a recusa no país”.
Já a ANA – Aeroportos de Portugal disse, em comunicado, que o cenário se repetiu na segunda-feira, dia 13 de junho, com “tempos de espera elevados que ultrapassaram as três horas na área das chegadas do aeroporto de Lisboa devido à insuficiência de recursos e de postos de controlo de fronteira SEF”.
O presidente da APAVT aponta o dedo ao SEF pelos constrangimentos na zona de chegadas do aeroporto. “Parece-me simples a resolução, e é conhecida de todos: às horas a que chegam os voos não Schengen, as boxes construídas para o efeito pela ANA devem estar ocupadas por elementos do SEF. Não estão. Tudo o resto, como se diz no Brasil, é ‘conversa para boi dormir’”, acusa.
“Os dois anteriores ministros da Administração Interna prometeram resolver o assunto. Não fizeram absolutamente nada, e um deles ainda contribuiu ativamente para provocar mais tensão entre as partes. Poderão estar de consciência tranquila?”, questiona.
Pedro Costa Ferreira diz, ainda assim, que “aguarda com esperança” que a situação se resolva nas próximas semanas. “O atual ministro da Administração Interna [José Luís Carneiro], pessoa de quem tenho a melhor das impressões, já comunicou que o problema seria resolvido até final do mês. Aguardamos, com esperança”, conclui.
A inspetora do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) Ana Vieira sublinhou nesta segunda-feira (dia 13), em conferência de imprensa, que a infraestrutura aeroportuária da capital está “desadequada” face ao número de passageiros que está a chegar a Lisboa. “Muito honestamente, não estávamos preparados para este aumento exponencial de turismo e de passageiros, e a própria infraestrutura, como o senhor ministro da Administração Interna já disse, também não está adequada a esta realidade”, referiu.
“Temos esperança que a situação melhore, não só para os passageiros, mas também para nós, porque a pressão a que estamos sujeitos é muito forte; a atividade do SEF não é só controlo de chegadas, há outras valências, e a questão é que continuamos a ter de corresponder a essas vertentes que não podem ser descuradas, senão o nosso trabalho não estará a ser bem feito”, acrescentou.
- O texto publicado pelo ‘Dinheiro Vivo’, da autoria da jornalista Rute Simão, pode ser lido na íntegra através deste LINK