O presidente executivo do Grupo SATA desvalorizou os prejuízos de 44 milhões de euros registados pelo grupo português de aviação comercial, sediado na Região Autónoma dos Açores, no primeiro semestre deste ano e realçou que as “perspetivas” para 2022 “são extremamente positivas”.
“As perspetivas neste momento para 2022 são extremamente positivas. [São] de continuar a crescer, se não houver nenhum imponderável, de pandemia, de combustível. Os resultados são promissores, assim consigamos continuar o trabalho que tem sido feito”, declarou Luís Rodrigues aos jornalistas, ao sair da delegação da Assembleia Legislativa Regional, na cidade de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel.
O líder do Grupo SATA falava à comunicação social após uma sessão de esclarecimento sobre a situação da companhia, à porta fechada, na qual estiveram presentes o presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, e os líderes parlamentares dos partidos representados na Assembleia Regional.
Segundo as Demonstrações Financeiras do Setor Público Empresarial Regional, a que a agência de notícias ‘Lusa’ teve acesso, o Grupo SATA fechou o primeiro semestre de 2021 com um prejuízo de 44 milhões de euros.
Os resultados demonstram que, entre as empresas do grupo, a Azores Airlines registou cerca de 45 milhões de prejuízo (mais 11 milhões do que no ano passado), enquanto a SATA Aeródromos teve um lucro de 281 mil euros e a SATA Air Açores um saldo positivo 528 mil euros.
O presidente da SATA desvalorizou os resultados negativos do grupo no primeiro semestre, justificando o prejuízo obtido com a pandemia da covid-19.
“Todas as companhias do mundo no primeiro semestre deram prejuízo. A pandemia acabou no primeiro semestre de 2021, não vale a pena fugir a essa questão. Milagre seria – e milagres não existem – se a companhia tivesse dado lucro”, afirmou.
Luís Rodrigues realçou que, nos últimos seis meses, as companhias do grupo tiveram um resultado positivo “antes dos impostos, amortizações e juros”.
“A operação está a contribuir com capital para toda a atividade e isso é muito saudável”, realçou.
O presidente da companhia pública regional destacou também que o número de passageiros transportados pela SATA no final de 2021 é o “mesmo” do que o registado num período pré-pandemia de covid-19.
“A SATA tem uma recuperação de tráfego. Deve ser a única no mundo, neste momento. Estamos a transportar, neste trimestre de final de 2021, o mesmo número de passageiros de 2019, quando comparado o resto da Europa está a voar menos 40%”, afirmou.
O Plano de Reestruturação do grupo SATA, que em 2020 registou um prejuízo de 88 milhões de euros, está a ser negociado junto da Comissão Europeia.
Luís Rodrigues considerou que o período negocial não representa “problema nenhum”, uma vez que a administração já está a executar o Plano “desde o primeiro dia”.
“Não estamos dependentes da aprovação do plano para o continuar a executar. É isso que tem acontecido desde o primeiro dia. A única coisa que acontece é que quanto mais tempo demorar mais juros vamos pagar e isso é uma dívida que ninguém gostaria de ter”, afirmou. Contudo, o responsável pela gestão do grupo de empresas de capital público regional acredita que a Comissão Europeia vai aprovar o Plano de Restruturação até ao final do ano.
O plano de reestruturação do Grupo SATA, apresentado em fevereiro, foi enviado para Bruxelas em abril e prevê que o grupo volte a ter lucros em 2023, com poupanças na casa dos 68 milhões de euros até 2025.
A Comissão Europeia autorizou, em 2020, um auxílio de emergência de 133 milhões de euros, tendo autorizado mais tarde um novo apoio no valor de 122,5 milhões de euros.
As dificuldades financeiras do Grupo SATA, nomeadamente da SATA Internacional/Azores Airlines perduram desde, pelo menos, 2014, altura em que esta companhia aérea, detida na totalidade pelo Governo Regional dos Açores começou a registar prejuízos, entretanto agravados pela pandemia de covid-19.