O Governo Português deverá decidir na reunião do Conselho de Ministros do dia 28 de Maio próximo se escolhe o comprador da TAP ou se avança para uma fase de negociação, anuncia nesta segunda-feira, 18 de Maio, o ‘Diário Económico’ que se publica em Lisboa.
Segundo a mesma publicação, “em aberto, e dependente da avaliação das propostas que chegaram na última sexta-feira, dia 15 de Maio, à ‘Parpública’, está a criação de uma ‘short list’ com apenas dois dos candidatos”.
No fim-de-semana um comunicado distribuído pela ‘Parpública’ dava conta da entrada das três propostas de investidores provenientes de investidores interessados na aquisição de ações representativas do capital social da TAP SGPS, S. A.
O comunicado adiantava que seguir-se-á a análise das propostas apresentadas, um processo que será feito num prazo de cinco dias úteis – previsto no caderno de encargos -, findo o qual será entregue ao Governo o relatório com as respectivas conclusões. Isto significa que a ‘Parpública’ irá enviar o relatório com as conclusões até ao dia 22 de Maio.
A Parpública – Participações Públicas, SGPS, S. A. é uma Sociedade Gestora de Participações Sociais de capitais exclusivamente públicos, criada por Decreto-Lei no final de 2000 e constitui um instrumento do Estado para a gestão de participações em empresas em processo de privatização, apoiando os processos de privatização, no quadro aprovado pelo governo.
O que está em causa é a privatização de 61% do capital da TAP SGPS, como é de conhecimento público, e que o Governo Português considera essencial e urgente para que o grupo aéreo nacional mantenha a sua actividade e garanta o emprego de mais de dez mil funcionários que trabalham nas diversas empresas do grupo, nomeadamente nas companhias aéreas TAP e PGA Portugália Airlines. Esta fase de privatização prevê que sejam vendidos 66% do capital, mas aberto a investidores está apenas 61%, já que 5% será reservado aos funcionários da companhia.
‘Expresso’ revela propostas dos candidatos
Na sua edição do fim-de-semana, o semanário ‘Expresso’, que se publica em Lisboa, e que é o mais importante da imprensa portuguesa entre as publicações de carácter semanal, faz manchete com o relevante tema da privatização da TAP e adianta o que diz saber serem as propostas apresentadas pelos dois grupos investidores que são liderados pelos patrões da Azul Linhas Aérea, a mais jovem companhia aérea do Brasil, e da Avianca, que é a segunda companhia mais antiga do mundo em actividade, a seguir à KLM. Além das propostas tuteladas por David Neeleman e Germán Efromovich, há uma terceira que foi subscrita pelo empresário português Miguel Pais do Amaral, cujo teor não é conhecido em pormenor, e que está a ser considerada aquela que terá menos possibilidades de ser apurada para essa eventual ‘short list’ de dois candidatos.
Numa matéria intitulada ‘Capital, cash e aviões’ os jornalistas Margarida Fiúza e Pedro S. Guerreiro, escrevem o seguinte:
«As propostas, segundo informações recolhidas pelo Expresso, prevêem um aumento de capital da TAP que varia entre os €300 e os €350 milhões. E o Estado “encaixa” com a venda das suas acções entre €20 e €30 milhões.
A capitalização não é, no entanto, feita da mesma forma. A proposta de Germán Efromovich pressupõe uma injeção de cerca de €250 milhões em “dinheiro fresco” (dos quais €150 a €180 para capitalizar no imediato) e o remanescente em “espécie”. Os bens em espécie dizem respeito a 12 aviões novos que a Avianca tem já disponíveis para a TAP operar: seis A330 (longo curso) e seis A320 (médio curso). O valor diferenciador desta proposta, destaca fonte próxima do candidato, é a resposta que dá à falta de aviões que existe no mercado. Têm de ser encomendados aos fabricantes e há longas listas de espera. A proposta do grupo Synergy admite que os primeiros aviões estejam disponíveis para entrega já daqui a dois meses e que os restantes possam chegar até ao final do ano. Prevê também a renovação da frota da PGA nos seis meses seguintes à eventual tomada de posse.
Já a proposta de David Neeleman propõe que o aumento de capital seja em cash, que depois é utilizado para comprar aviões. São ao todo 53 aviões, sobretudo de longo curso, com os quais o empresário quer renovar a frota da TAP mas também alimentar uma oferta comercial que não só reforça as ligações dentro do Brasil (que são importantes porque depois alimentam os voos transatlânticos) como passa a ter mais voos de Lisboa para outros destinos dos Estados Unidos, mercado que David Neeleman (que nasceu no Brasil mas tem nacionalidade americana) conhece bem. Cidades como Boston ou Washington, e o aeroporto JFK em Nova Iorque, estarão na lista. Neeleman propõe assim mais aviões que Efromovich, mas não os tem disponíveis, precisa de encomendá-los, o que demora mais de um ano a concretizar.
A proposta estratégica do grupo Synergy (de Efromovich) prevê ainda rentabilizar o aeroporto de Beja, como centro logístico de carga do grupo, com sinergias com o porto de Sines. O objectivo é, apurou o Expresso, junto de fonte próxima de Efromovich, transformar aquela infraestrutura num hub de carga do grupo (TAP e Avianca) para a Europa.
Na equação está ainda a questão financeira: os candidatos querem beneficiar do alongamento de prazos dos empréstimos da TAP, feito ainda pelo Estado. Mas é preciso definir quem ficará como “dono” da dívida, uma vez que a mudança de controlo da empresa pode levar a que os bancos exijam o reembolso imediato.
De resto, tanto Neeleman como Efromovich prometem distribuir dividendos pelos trabalhadores da TAP. O primeiro tem 10% para partilhar e o segundo entre 10 a 20%.»
- Foto: André Garcez