Quatro tripulações (formadas por piloto e navegador, cada) representam Portugal no Campeonato do Mundo de Rali Aéreo – o 19th World Rallly Flying -, que começa neste domingo, dia 17 de Agosto, e termina dia 22, em Torun, na Polónia. O evento reúne cerca de duas dezenas de países e mais de uma centena de pilotos.
Esta é uma competição, bienal, regulamentada pela Federação Internacional de Aeronáutica (FIA), que põe à prova a precisão e observação dos pilotos. Os instrumentos de rádio-ajuda são tapados, não há GPS, apenas relógio, bússola e mapa.
A participação num campeonato como este envolve esforço financeiro e uma operação complexa que começa com a deslocação dos aviões de Portugal para o aeródromo anfitrião.
Os ferry flights dos dois aviões portugueses – um Cessna 150, com matrícula CS-APA, e um Cessna 152, com matrícula CS-AVA – realizaram-se na terça-feira passada e exigiram a máxima atenção por parte do comandante João Carlos Francisco (piloto de A320 na TAP), o responsável pela selecção portuguesa.
Segundo João Carlos Francisco, a presença lusa nesta competição enquadra-se num projecto assumido em 2011, pelo Aeroclube de Torres Vedras, que culmina em 2016 com a organização, por parte desta entidade, do campeonato do mundo, a ter lugar no Aeródromo de Santa Cruz (Torres Vedras).
Na opinião do comandante, França e Polónia destacam-se entre os favoritos, facto a que não será alheia a experiência e historial dos pilotos desses países nesta competição em particular.
Bernardo Reis, de 17 anos, é um dos pilotos que vai estar em Torun. Vai fazer equipa com a respectiva instrutora de voo, a piloto de linha aérea Filipa Oliveira.
O gosto pelos aviões é algo que o acompanhava desde a infância, até que aos 15 anos teve a oportunidade de passar da brincadeira à realidade ao iniciar um curso, no Aeroclube de Torres Vedras.
Há apenas dois meses obteve a licença de piloto privado e em Setembro inicia a instrução para piloto de linha aérea, altura em que espera também ingressar no Ensino Superior, na licenciatura de Engenharia Mecânica.
‘NewsAvia’ falou com o jovem piloto na véspera da partida da comitiva para Varsóvia. Admitiu “optimismo” e vontade de “ganhar muita experiência”, já a pensar na competição de 2016. Competitivo, não esconde que quer obter a melhor classificação possível entre os portugueses.
Falámos com Bernardo Reis na véspera da partida para Varsóvia. As viagens da comitiva são oferecidas pela TAP, a companhia aérea que, em 2016, será também patrocinadora do campeonato mundial em Santa Cruz.
De acordo com o site do 19th World Rally Flying de Torun, da lista dos países participantes constam: Áustria, Chipre, República Checa, Dinamarca, França, Alemanha, Itália, Lituânia, Noruega, Polónia, Portugal, Rússia, Eslováquia, África do Sul, Espanha, Suíça e Reino Unido.
De acordo com o site da FIA, o conceito de rali aéreo e de precisão têm a sua génese no período entre as duas guerras mundiais, nos países escandinavos. O desporto praticado na altura combinava um conjunto de habilidades de caça, voo e esqui.
A actividade implicava voar para um lugar remoto, aterrar nas montanhas, esquiar até a um determinado local, abater um alvo e voar para o ponto seguinte, para repetir o exercício.
No final dos anos 40, outros países mostraram interesse no conceito e criaram um desporto aéreo apenas, deixando de lado a caça e o esqui. O passo seguinte originou a divisão em duas disciplinas: rali aéreo e voo de precisão. Enquanto na primeira, a competição é feita em equipa (piloto e navegador), na segunda trata-se de um esforço individual.
No rali aéreo é entregue um envelope selado ao navegador, 15 minutos antes da descolagem, contendo pistas com o ponto de partida, pontos de viragem e de aterragem. O navegador deve assinalar esses pontos no mapa e traçar a rota que o piloto deverá seguir de forma precisa e no melhor tempo possível dentro do que é esperado. Poderão ser facultadas fotografias relativas aos pontos de viragem, umas falsas, outras verdadeiras, cabendo à equipa observar se correspondem ou não ao solicitado.
Torun, a cidade anfitriã do campeonato deste ano, é também conhecida por ser a terra natal de Nicolau Copérnico (1473-1543), famoso matemático e astrónomo, autor da revolucionária Teoria Heliocêntrica, que pôs o Sol no centro do Universo, contrariando a vigente Teoria Geocêntrica que atribuía essa posição à Terra.