O avião que caiu após descolar do Aeroporto Municipal de Cascais, em Tires, nos arredores da cidade de Lisboa, no dia 17 de abril, causando cinco mortos, perdeu o controlo, “entrou em perda e colidiu com a cobertura de uma doca para descarga de camiões de um supermercado”, indica o relatório preliminar.
Segundo o documento do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF), a que a agência de notícias ‘Lusa’ teve acesso nesta sexta-feira, dia 23 de junho, a aeronave perdeu o controlo logo após a descolagem do Aeródromo Municipal de Cascais, seguindo-se uma “descida íngreme”, que culminou com o impacto com a estrutura de descarga de camiões.
“Com o impacto, a aeronave explodiu e incendiou-se, infligindo um fogo parcial num camião que se encontrava no local. A aeronave foi destruída pelas forças do impacto e pelo incêndio pós-colisão, tendo os quatro ocupantes falecido. O motorista do camião atingido pela explosão do avião também faleceu”, refere o relatório preliminar ao acidente do Piper PA-31T.
O desastre com o avião, que tinha como destino Marselha, França, ocorreu a 700 metros do final da pista de descolagem. “Não foram encontradas deficiências estruturais preexistentes susceptíveis de terem contribuído para o acidente. Todas as superfícies de controlo de aeronave foram localizadas no local. Os flaps estavam recolhidos assim como o trem de aterragem estava recolhido no momento do impacto”, sublinha o GPIAFF no relatório preliminar.
O fogo provocado pelo impacto no solo propagou-se à doca de descarga do supermercado, ao camião e a uma habitação contígua ao local, que foi parcialmente destruída pelas chamas. “A aeronave não estava equipada com um gravador de registo de dados de voo, nem tal era um requisito. A aeronave tinha todas as licenças e certificados de aeronavegabilidade válidas. As ações de manutenção ainda precisam de ser confirmadas”, refere o relatório, acrescentando que a “documentação técnica da aeronave será verificada quanto a discrepâncias”.
O GPIAFF indica que a investigação está em curso e que o relatório final será publicado “logo que possível”. “Diferentes equipamentos e componentes da aeronave serão analisados mais aprofundadamente para apurar a sua funcionalidade e para que se possa validar todas as evidências recolhidas pela investigação, visto os destroços recolhidos estarem em muito mau estado, devido à violência do impacto e às temperaturas muito elevadas geradas pelo incêndio pós impacto”, frisa o relatório preliminar.
O bimotor, modelo Cheyenne II, da empresa ‘Symbios Orthopedic’, empresa especializada em implantes ortopédicos, despenhou-se no parque de descargas de um supermercado LIDL, numa densa área habitacional, com o piloto de nacionalidade francesa com passaporte suíço, e três passageiros de nacionalidade francesa: duas mulheres e mais um homem.
O acidente provocou a morte do piloto, Jean Plé, 69 anos de idade, e director da ‘Symbios Orthopedic’, de Jean-Pierre Franceschi, conhecido cirurgião ortopédico ligado ao mundo do desporto, da sua mulher e de uma amiga de ambos. A quinta vítima mortal é um camionista português, com cerca de 40 anos, que, aquando da queda da aeronave, se encontrava a descarregar produtos no parque de mercadorias do LIDL, na freguesia de São Domingos de Rana (vila de Tires).
Além das vítimas mortais, registaram-se ainda quatro feridos ligeiros, por inalação de fumo, dois assistidos no local e os outros dois transportados para o hospital de Cascais. Estiveram envolvidos nas operações de socorro 93 operacionais apoiados por 33 viaturas.
Organismos da Suíça, França, Estados Unidos da América e Canadá estão a participar na comissão de investigação ao acidente aéreo. O GPIAAF conta também com o contributo dos fabricantes da aeronave, motores e hélices.
- Na imagem vemos o avião de matrícula suíça envolvido no acidente ocorrido no Aeródromo Municipal de Cascais, em Tires, no passado dia 17 de abril.