O presidente executivo (CEO) da Boeing, Dave Calhoun, reconheceu a “gravidade” da situação do principal fabricante aeroespacial mundial, em termos de qualidade e de segurança da produção, mas garantiu que já foram feitos progressos.
“A nossa cultura está longe de ser perfeita, mas estamos a tomar medidas e a fazer progressos”, afirmou Calhoun perante uma comissão de inquérito do Senado norte-americano, na cidade de Washington (Distrito Federal).
“Compreendemos a gravidade da situação e estamos empenhados em avançar com transparência e responsabilidade, aumentando simultaneamente o investimento dos trabalhadores”, acrescentou.
David Calhoun compareceu perante a subcomissão de investigação do Senado, presidida pelo senador Richard Blumenthal, um crítico da Boeing, que abriu a audição reconhecendo os familiares das vítimas de dois acidentes com aviões Boeing 737 MAX e a família de um denunciador da Boeing que se suicidou no início deste ano.
“Esta audição é um momento de ajuste de contas”, disse o senador. “Trata-se de uma empresa, outrora icónica, que de alguma forma perdeu o rumo”, sustentou.
A comparência de Calhoun perante o Congresso foi a primeira de um alto funcionário da Boeing desde que um painel do 737 MAX se soltou durante um voo da Alaska Airlines, em janeiro passado. Ninguém ficou gravemente ferido no incidente, que, contudo, suscitou novas preocupações relativamente ao avião comercial mais vendido da empresa.
Antes de fazer a declaração de abertura que tinha preparado, Calhoun levantou-se e encarou os familiares das vítimas dos acidentes de 2018 e 2019 que se encontravam na plateia, segurando fotos de algumas das pessoas que morreram, e afirmou: “Peço desculpa pela dor que causámos”.