A Roménia assinou nesta quinta-feira, dia 21 de novembro, um contrato com os Estados Unidos para a compra de 32 caças furtivos ‘F-35’, um investimento militar histórico para este país vizinho da Ucrânia, que se torna o 20º membro de um círculo de compradores em expansão.
Avaliada em 6,5 mil milhões de dólares (6,1 mil milhões de euros) pelo parlamento romeno, esta aquisição “reforçará consideravelmente as capacidades de defesa” do país, declarou o primeiro-ministro da Roménia, Marcel Ciolacu, numa cerimónia em Bucareste.
“Infelizmente, a atual situação geopolítica demonstra a necessidade premente de meios de dissuasão sólidos, tanto a nível da aliança atlântica como a nível nacional”, acrescentou.
O país da Europa de Leste, que tem estado na linha da frente da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) desde o lançamento da ofensiva russa na Ucrânia, em fevereiro de 2022, está a redobrar esforços para modernizar a sua defesa.
A embaixadora dos Estados Unidos em Bucareste, Kathleen Kavalec, que esteve presente na reunião, saudou a compra, considerando-a “um passo importante que dará uma contribuição significativa […] para a segurança coletiva”.
O Departamento de Estado norte-americano aprovou a venda em setembro.
Em 2023, a Roménia abandonou os obsoletos caças Mig-21 LanceR, herdados da era comunista, que foram substituídos por F-16 americanos em segunda mão, comprados a Portugal e à Noruega, antecipando a entrada em serviço dos F-35, prevista para a década de 2030.
Seguindo nos últimos anos as pisadas da Polónia, Finlândia e Alemanha, a Roménia “torna-se o 20º membro da aliança mundial do F-35”, anunciou o gigante norte-americano Lockheed Martin, fabricante dos caças, num comunicado de imprensa.
Trata-se principalmente de países da NATO e de aliados próximos de Washington na Ásia, como a Coreia do Sul e o Japão.
Mais de mil aviões estão em funcionamento em todo o mundo, segundo o grupo, enquanto a França concebeu o Rafale para manter a sua autonomia estratégica.
O ‘F-35’ é um avião stealth de quinta geração, equipado com motores Pratt & Whitney, tendo sido utilizado no Iraque e na Síria contra o grupo Estado Islâmico (EI).
Visto desde o início como um produto de exportação destinado a assegurar o domínio de Washington no mercado dos aviões de combate, o caça é apresentado como uma maravilha tecnológica versátil, mas o seu desenvolvimento foi afetado pela sua complexidade, nomeadamente na conceção dos programas informáticos e na integração dos diferentes sistemas.
Os críticos receiam também que os elevados custos de exploração do avião sejam insustentáveis.
Com a compra destes aviões de ponta, a Roménia “alinha-se com o resto do mundo”, comenta o especialista em segurança Hari Bucur Marcu, antigo coronel da Força Aérea que contribuiu para a integração das forças romenas na NATO, em 2004.
“Mostra que está pronta, juntamente com outros países europeus, para assumir uma maior responsabilidade no caso de a guerra se estender para além das fronteiras da Ucrânia”, frisou.
A Ucrânia, que partilha uma fronteira de 650 quilómetros com o seu vizinho ucraniano e faz fronteira com o Mar Negro, descobriu em várias ocasiões destroços de drones russos no seu território e está agora em alerta constante.
Perante este cenário, o país comprometeu-se a modernizar a sua defesa e afirma querer aumentar o seu orçamento para 2,5% do produto interno bruto (PIB), objetivo que não conseguiu atingir no ano passado (1,6% do PIB, segundo os dados da NATO, ou seja, abaixo do limiar pedido de 2%).
Com a ajuda dos países aliados, foi criado um centro regional de formação de pilotos de ‘F-16’, onde treinam soldados romenos e ucranianos.
Mais de 5.000 soldados da NATO estão também destacados em solo romeno, o maior contingente de forças da Aliança Atlântica no flanco sudeste da Europa.