Rotas de proximidade e domésticas arrancarão primeiro na TAP, após a pandemia – com vídeo

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A TAP Portugal está a planear abrir primeiro as rotas de proximidade e as domésticas, primeiro que as restantes que completam a sua rede mundial. Essas serão, na opinião de Paula Canada, diretora de marketing e vendas da companhia aérea portuguesa, as que poderão atrair mais passageiros, depois de passar este período de pandemia.

A responsável pela TAP falava durante um webminar promovido pela ‘Travelstore’ para os seus clientes, realizado na passada segunda-feira, dia 20 de abril. O relato foi publicado na quarta-feira, dia 22 de abril, na edição digital do jornal de turismo português ‘Publituris’, num trabalho assinado pela jornalista Raquel Relvas Neto, que a seguir reproduzimos na íntegra, pela importância do seu conteúdo:

 

Rotas domésticas e de proximidade, viagens mais pequenas e sem ser em grupo, assim perspetiva a TAP

As rotas de proximidade e as domésticas são as que a TAP perspetiva que vão atrair mais passageiros, depois de passar este período de pandemia. Paula Canada, diretora de marketing e vendas da TAP, que falava num webinar promovido pela Travelstore para os seus clientes, explicava que, numa fase inicial “as pessoas vão ter receio de ir para sítios longínquos, porque ainda não têm confiança, têm receio de ficar presos no destino”. As rotas para as ilhas portuguesas, por exemplo, ou para Londres ou Paris-Orly podem ser as que vão ganhar mais adeptos depois deste período de confinamento.

Para a responsável, os passageiros vão evitar  viajar em grupo e  “vão optar por fazer viagens mais pequenas, mesmo em férias”. A mesma considera ainda que o primeiro segmento a aparecer será o mercado étnico (‘visit friends & relatives’): “Julgo que vai ser importante e talvez vá ser o primeiro a aparecer”. Esta afirmação tem também como base um inquérito realizado nos EUA pela companhia aérea, que concluiu que “os portugueses que lá estão querem vir a Portugal no verão”

A grande incógnita para a diretora de marketing e vendas da TAP prende-se com o corporate, admitindo que só deverá dar sinais pós-verão e que as reuniões de empresas devem, numa fase inicial, serem realizadas com apoio nas novas tecnologias. “Outro tipo de corporate, como reuniões, incentivos ou grandes congressos acho que não vai acontecer já, eventualmente para o final do ano”.

Questionada sobre se a companhia vai promover algum estímulo à procura, Paula Canada considera que “neste momento há uma necessidade de percebermos que quem compra bilhete quer voar, porque ao isso vai permitir por os aviões no ar. Vai haver uma pressão muito grande para a emissão ser próxima do booking para testarmos se os clientes querem ou não viajar”. “Não se prevê grandes alterações tudo vai depender da procura. É um mercado concorrencial, mercado livre.  Se tivermos pouca procura obviamente que os preços vão ser atrativos para chamarmos mais procura, embora julgo que o preço nesta altura não vai ser o factor decisivo, é importante, mas as pessoas vão avaliar outras variáveis como a segurança”, salienta.

Paula Canada alerta que depois desta fase de preocupação com questões sanitárias, o problema vai ser que viajar não vai fazer parte das prioridades das pessoas.  “A crise vai ser dramática, as pessoas vão estar desempregadas ou vão ter ordenados reduzidos. Viajar não vai ser uma prioridade.  As pessoas vão ter necessidades mais básicas, e o pouco dinheiro que tiverem é para satisfazer essas necessidades mais básicas”. Aí sim, o preço vai ter um papel mais relevante, o que reforça a ideia de que “este ano o verão vai ser fundamentalmente de foco em férias domésticas, no país, nas ilhas e pouco mais”.

 

Estratégia

No que diz respeito à estratégia da TAP, a responsável explica que “não vai mudar muita coisa” e que a TAP vai continuar a posicionar-se como “um hub de ligação da Europa às Américas e a África”. “Agora, vão voar o mesmo número de voos para o Brasil que tinham no passado? Ou para os EUA? Possivelmente não”, esclarece, salientando que a estratégia só deve sofrer alterações do ponto de vista de quantidade. “Não acho que haja uma disrupção com o passado é mais em termos de volume”. “Vamos ser mais cautelosos no crescimento, vamos dar passos mais lentos”, conclui.

 

Evolução do mercado aéreo

Paula Canada admite que esta atual crise foi “um rombo muito grande nas companhias aéreas”, que trouxe sérias dificuldades às mesas e que algumas podem não sobreviver a esta crise. Como caminho a seguir, a responsável defende que  “as companhias aéreas para serem fortes vão ter de arranjar parcerias, não digo fusões, mas mais alianças. As companhias vão ter de se apoiar muito nas alianças, nas parcerias, para juntas serem mais fortes. Quem quiser ficar sozinho, dificilmente sobreviverá”.

 

Medidas

Questionada também relativamente ao distanciamento entre passageiros a bordo, a diretora de vendas e marketing da TAP considera que “se houver alguma directiva nesse sentido, vamos ter de acautelar, como vai haver para os cinemas”, mas alerta: “Se isso for uma regra, as companhias vão ter uma dificuldade imensa de sobreviver ou os preços vão ter de subir muito”.
Não sendo obrigatório, aTAP já tomou algumas regras nos poucos voos que ainda está a realizar. E explica: “Fazemos um sitting deixando sempre um espaço livre entre cadeiras. No início, não estou a imaginar que a procura seja muito grande. Temos essa preocupação, os sistemas estão a ser configurados de modo a que as pessoas fiquem com espaço entre elas para não sentarem juntas”.

Porém, quando a procura aumentar vai ser “impossível mantermos esse lugar vazio”, e considera que o mesmo pode ser um ‘ancillary’, ou seja, “se a pessoa quiser que ninguém sente ao lado dela, paga um adicional e vai com o lugar garantido vazio mas isto será sempre um custo que o cliente vai ter de ter”.
A responsável perspetiva que, à semelhança do que acontece na China, os passageiros passem a viajar de máscara e, numa fase inicial, a companhia aérea está a ponderar dar máscaras à entrada dos voos a quem não tenha. Quanto ao exemplo dado pelo que a companhia aérea Emirates está a realizar nos seus voos, onde faz o teste a todos os passageiros, a responsável congratulou a iniciativa mas refere “não sei se alguma vez vamos ter capacidade para fazer isso também”.
A TAP prevê retomar mais alguns dos seus voos a partir de 18 de maio para destinos como Luanda, Boston ou Newark, entre outros que vão ser carregados no sistema. No entanto, a responsável alerta que estes podem sempre sofrer alterações mediante as regras dos respectivos países.”

 

  • Foto © Publituris
  • Para os interessados a ‘Travelstore’ colocou no canal YouTube um vídeo com o conteúdo do webminar, que pode no seguinte LINK

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