A companhia de baixo custo irlandesa Ryanair confirmou nesta sexta-feira, dia 15 de outubro, que foi forçada a cancelar neste inverno cerca de 700 voos e três rotas de Lisboa (para Tours, Oujda e Bari), devido à acumulação contínua de slots [faixas horárias de descolagem e aterragem] da TAP Air Portugal (que a companhia portuguesa não utiliza) no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa.
Este “bloqueio de slots”, que a companhia irlandesa considera “anti competitivo”, impediu a Ryanair de obter slots suficientes (apesar da assistência do coordenador de slots e do operador do aeroporto) para o crescimento de novas rotas planeadas. “A redução de 20% da frota no plano da TAP significa que esta simplesmente não irá usar todos os slots que possui”, alerta um comunicado de imprensa distribuído pela Ryanair.
“Este cancelamento de voos irá prejudicar a conectividade de Lisboa e a recuperação pós-covid”, observa a companhia irlandesa que sugere: “O Governo Português e a Comissão Europeia deverão agora intervir para acabar com o anti competitivo ‘bloqueio de slots’ da TAP, libertar esta capacidade não utilizada no Aeroporto da Portela [Lisboa] e abrir o Aeroporto do Montijo, permitindo assim o crescimento das companhias aéreas. É essencial que a infraestrutura nacional crítica de Portugal seja usada para apoiar a economia local e não exceder a proteção de uma companhia aérea zombie ineficiente, com a qual o Governo Português já gastou três mil milhões de euros do dinheiro dos seus contribuintes.
A Ryanair irá manter todas as sete aeronaves (um investimento de 700 milhões de dólares) e tripulações em Lisboa neste inverno, de forma a garantir que está pronta a restabelecer todos os voos se forem libertados slots suficientes.
O presidente executivo do Grupo Ryanair, Michael O’Leary, subscreve uma declaração, distribuída com o comunicado desta sexta-feira, dia 15 de outubro, na qual sintetiza a contestação expressa pela companhia e apela à abertura ao tráfego civil do Aeroporto Do Montijo, questão que, neste momento, está suspensa a aguardar parecer ambiental.