A greve dos tripulantes de cabina portugueses da Ryanair está a ser cumprida em cerca de 90 por cento, garantem fontes sindicais contactadas na manhã desta quinta-feira, dia 29 de março, pela agência de notícias ‘Lusa’.
Contudo, os efeitos dessa maior adesão à greve não se tem feito notar no movimento dos aviões da companhia de baixo custo irlandesa que voa à partida de diversos aeroportos portugueses, já que a empresa está a substituir os grevistas por tripulantes de outros locais, “cometendo uma ilegalidade”, garantiu a presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC).
“Há uma substituição de grevistas porque a Rynair, novamente cometendo uma ilegalidade, traz tripulantes de outras bases para fazer os voos a partir das bases em Portugal”, criticou Luciana Passo, dirigente do SNPVAC
Os tripulantes de cabina da companhia aérea de baixo custo começaram às 00h00 desta quinta-feira (29) o primeiro de três dias não consecutivos de greve, durante o período da Páscoa, para exigir o respeito de direitos previstos na lei nacional.
Ryanair ameaça desviar aviões dos aeroportos portugueses
Na quarta-feira, dia 28 de março, a Ryanair ameaçou reduzir o número de aviões nas bases que tem em Portugal se a greve dos tripulantes de cabina no período da Páscoa avançasse, num memorando enviado aos trabalhadores.
“Se estas greves desnecessárias avançarem, vão perder salário, prejudicar o bom nome dos tripulantes de cabine da Ryanair junto dos nossos clientes e teremos que rever o número de aeronaves atualmente baseadas em Portugal”, lê-se no documento assinado por Eddie Wilson, responsável pelos recursos humanos da companhia aérea, que foi citado pela agência ‘Lusa’.
O mesmo responsável notou que essas deslocalizações de aviões poderão acontecer quando os aviões puderem ser desviados “para bases fora de Portugal e continuar a operar nessas rotas”.
No documento enviado aos trabalhadores na quarta-feira, Eddie Wilson notou que “em vez de aceitar” o memorando e o convite para uma reunião a 9 de abril, o SNPVAC enviou uma notificação da greve na quinta-feira e no domingo.
O responsável da transportadora irlandesa de baixo custo voltou a acusar os tripulantes de outras companhias de marcarem a greve, sublinhando que o memorando enviado na segunda-feira ao SNPVAC “já reconhece o sindicato, concorda incorporar a lei portuguesa nos contratos existentes e propõe negociar um acordo coletivo de trabalho” na reunião de abril.
A transportadora refere que fora do acordo ficam os trabalhadores subcontratados às empresas Crewlink e Workforce, que “concordaram negociar separadamente com o SNPVAC”, assim como não será revista a gestão de processos disciplinares, por estarem dentro da lei europeia e irlandesa.
O responsável notou o “trabalho árduo” dos tripulantes, a quem pediu para “levarem em consideração os clientes e as suas famílias e não perturbar as suas férias da Páscoa” ao realizarem uma greve “desnecessária e injustificada”.
“Esperamos que os nossos tripulantes de cabina não permitam que elementos de tripulação de companhias aéreas concorrentes perturbem os planos dos clientes Ryanair e respetivas famílias durante esta quinta-feira de Páscoa bastante movimentada”, concluiu a Ryanair, no comunicado.
A Ryanair voa de diversos aeroportos portugueses para cidades europeias e também entre aeroportos nacionais fazendo algumas das denominadas ligações domésticas. A presença da companhia irlandesa, que realiza voos de baixo custo, com preços bastante mais baixos que as concorrentes entre destinos europeus, resulta de um regime de subsidiação das entidades governamentais e institutos de promoção turística, através de contratos de marketing e de promoção turística, que resultam na vantagem de trazerem mais turistas para Portugal, neste caso particular.
A ANA Aeroportos de Portugal e o Turismo de Portugal têm pago, nos últimos anos, algumas dezenas de milhões de euros à companhia irlandesa para aumentar as suas rotas em Lisboa, Porto, Faro e nos Açores. Uma prática que não tem beneficiado exclusivamente a companhia irlandesa, já que as comparticipações, sob a forma de contratos de marketing, estão disponíveis para todas as companhias que se candidatem ao fundo para as novas rotas de interesse turístico.