O European Rocketry Challenge – EuRoC, organizado pela Agência Espacial Portuguesa, regressa de 11 a 17 de outubro, no Aeródromo de Ponte de Sor, no Alto Alentejo. Uma equipa do Instituto Superior Técnico é a primeira equipa portuguesa a participar numa competição universitária de lançamento de rockets da Europa.
A segunda edição do European Rocketry Challenge – EuRoC, primeiro concurso europeu de lançamento de foguetões desenhados e montados por estudantes universitários, vai receber 20 equipas provenientes de 13 países. Pela primeira vez na história, uma equipa universitária portuguesa estará a competir lado a lado com estudantes provenientes da Suíça, Polónia, França, Grécia, Alemanha, Dinamarca, entre outros.
“É extraordinário que na segunda edição seja já possível atingir um dos grandes objetivos do EuRoC: estimular os estudantes universitários portugueses a darem os primeiros passos para desenvolverem competências num segmento extraordinariamente desafiante e inovador como a área dos lançadores. A equipa do IST já estava a trabalhar neste desafio, mas acreditamos que demos um impulso fundamental, como esperamos vir a dar a outras equipas”, diz Ricardo Conde, presidente da Agência Espacial Portuguesa – Portugal Space, promotora e organizadora do evento, em parceria com o Município de Ponte de Sor.
Além da equipa do Instituto Superior Técnico, uma equipa da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto estará em Ponte de Sor para fazer um teste de voo do seu primeiro foguetão, no que se espera que seja a antecâmara para uma presença na competição em 2022.
Paralelamente, a criação do EuRoC levou um grupo de estudantes da Universidade da Beira Interior e da Universidade de Coimbra a juntarem-se em torno de um objetivo comum: desenvolver e testar um foguetão para competir numa futura edição do evento.
Reino Unido é o país com maior representatividade no certame
O Reino Unido é, neste ano, o país com maior representatividade na segunda edição do EuRoC, com quatro equipas, de outras tantas universidades, selecionadas de acordo com critérios, não apenas técnicos e de inovação, mas também ligados à diversidade e motivação dos grupos de trabalho. A organização do EuRoC acredita estarem reunidas as condições para que cada equipa represente a sua universidade e o seu país não apenas em termos técnicos, mas também noutras características que os enaltecem como uma unidade.
“Estamos muito satisfeitos por termos conseguido alargar o âmbito geográfico do EuRoC logo na segunda edição. Mais do que duplicámos o número de países presentes, vamos receber cerca de 400 jovens extremamente focados em desenvolver os seus rockets e garantir lançamentos bem-sucedidos. Também temos novos parceiros, incluindo o Exército Português, o que nos dá garantias acrescidas de segurança e de que este será um evento extraordinário”, assegura Ricardo Conde.
A Polónia e a Suíça, com três equipas cada, fecham o top três dos países com maior representatividade. Além disso, Ponte de Sor irá ainda acolher estudantes provenientes da Alemanha, Áustria, Dinamarca, França, Grécia, Hungria, Itália, Holanda, Noruega e Roménia. Entre as 20 equipas há quatro que regressam a Portugal: a ARIS – Akademische Raumfahrtinitiative Schweiz (Suíça), Space Team Aachen (Alemanha), DanSTAR (Dinamarca) e Air ESIEA (França), que depois dos problemas de última hora na edição de 2020 espera agora lançar o seu foguetão.
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Promovido pela primeira vez em Outubro de 2020, o EuRoC desafia estudantes de licenciatura e mestrado a lançar os seus foguetes de propulsão sólida, líquida ou híbrida até altitudes de 3.000 ou 9.000 metros. A competição está totalmente alinhada com os objetivos estratégicos da Agência Espacial Portuguesa, nomeadamente no desenvolvimento de um quadro cultural/educativo capaz de impulsionar o desenvolvimento sustentável do sector espacial em Portugal.
A realização do evento em Ponte de Sor, lar de um dos mais dinâmicos e relevantes clusters aeroespaciais em Portugal, e a partilha de espaço com a 5.ª edição do Portugal Air Summit (PAS), a maior cimeira da aviação, espaço e defesa na Península Ibérica e uma das maiores da Europa, que este ano regressa ao Aeródromo do Ponte de Sor, contribui para que o EuRoC tenha o devido destaque entre a comunidade empresarial, garantindo uma ligação estreita entre estudantes e a indústria.
“O acolhimento desta competição de foguetes ligada à Portugal Space – a Agência Espacial Portuguesa –, que permite trazer para Ponte de Sor inovação e tecnologia avançada no desenvolvimento de soluções aeroespaciais, num contexto de investigação, é uma mais-valia para o Cluster Aeronáutico de Ponte de Sor onde já existem empresas do setor e com ambições de crescimento e de atração de engenheiros e outros quadros técnicos altamente especializados. Contamos ainda que seja um evento inspirador para as nossas universidades e um sucesso de participação para todas equipas e em especial para a equipa portuguesa, que vamos estar a apoiar com muito orgulho”, Hugo Hilário, presidente da Câmara Municipal de Ponte de Sor.
“Depois do showcase em 2020, para o qual tínhamos elevada expetativa e uma noção muito concreta dos obstáculos que teríamos de ultrapassar, estamos agora a ultimar os preparativos logísticos para o evento deste ano. O EuRoC é um evento com uma grande complexidade operacional exigindo a todos os parceiros uma mobilização exemplar no cumprimento dos critérios de segurança, impostos pela regulamentação internacional para este tipo de atividade”, afirma Nuno Molarinho, sócio-gerente da ‘TheRace’.
EuRoC’21 conta com apoio da indústria nacional e internacional
A competição continua a contar com o apoio da indústria nacional e internacional, através do patrocínio ao evento, como acontece com as empresas D-Orbit/Ilex, ISQ , Lusospace ou Arrow Electronics, ou com o apoio direto às equipas. Além de contribuir para o evento, a FHP, por exemplo, está também a trabalhar diretamente com a equipa do IST, fornecendo dois modelos da estrutura do corpo do foguetão, peças em compósito.
“Temos o prazer de patrocinar novamente o evento EuRoC este ano”, diz Jonathan Firth, chefe de operações do Grupo D-Orbit. “Acreditamos que é uma grande oportunidade para os participantes evoluirem tanto as suas competências de engenharia como a sua experiência em soft-skills, que são cada vez mais importantes para o trabalho espacial e aeroespacial agora e para o futuro, tais como: resolução de problemas, colaboração, raciocínio, gestão criativa de riscos, e negociação. Esperamos também que se divirtam muito! E se algum deles se juntar à equipa da D-Orbit no futuro, isso seria fantástico!”
A segunda edição do European Rocketry Challenge conta ainda com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian que ao longo das últimas décadas tem desempenhado um importante papel na promoção do conhecimento e na valorização e desenvolvimento de competências nas camadas mais jovens.
“A Fundação Calouste Gulbenkian aposta nos jovens, no talento e na ciência há mais de 65 anos, atribuindo bolsas de estudo, apoiando Olimpíadas Científicas, projetos de inovação educacional ou proporcionando oportunidades de desenvolvimento de conhecimentos e capacidades, competências e atitudes necessárias para transformar o mundo. Estamos certos que o EuRoC 21 será um marco importante nas vidas dos jovens participantes e ajudá-los-á a sonhar ainda mais alto”, comenta Pedro Cunha, diretor do Programa Gulbenkian Conhecimento.
Mantendo a ligação ao Município de Ponte de Sor, onde continuará instalado o paddock e onde as equipas farão a montagem dos foguetões, a organização do EuRoC estende este ano a competição ao Campo Militar de Santa Margarida (CMSM), a partir de onde serão efetuados os lançamentos, que este ano se prolongam por quatro dias, a começar no dia 13 de Outubro. A utilização do Campo Militar resulta de um acordo com o Exército Português que será fundamental para garantir o sucesso e crescimento sustentado da competição.
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O Exército Português apoia a realização do EuRoC 21, através da disponibilização de uma infraestrutura de referência, no contexto das Forças Armadas (FFAA), como é o CMSM, e de um conjunto de equipamentos que permitirão o funcionamento das diversas áreas, consideradas essenciais à realização dos lançamentos e à competição entre as várias equipas, oferecendo, simultaneamente, garantias de segurança e a abertura do espetáculo às pessoas.
O CMSM é uma infraestrutura utilizada para o treino operacional das Unidades do Exército, e também das FFAA, com projeção nacional e internacional, mas que tem como desígnio privilegiar de forma permanente o desenvolvimento sustentável, através da utilização eficiente dos recursos naturais, e de uma constante proteção e valorização do património natural e da biodiversidade.
Ao apoiar a realização do EuRoC 21, o Exército procura consolidar-se como uma Instituição moderna, atrativa e de elevada prontidão e competência. Simultaneamente, o apoio a iniciativas desta natureza reflete, não apenas uma propensão para o contacto estreito com a academia e a inovação e ciência, mas também um sólido compromisso para com Portugal e os portugueses.