O Aeroporto Internacional de Hong Kong, no sul da China, apreendeu nesta segunda-feira, dia 16 de dezembro, sete aviões da Hong Kong Airlines, num processo liderado por um grande credor da companhia aérea, uma medida justificada para proteger os interesses financeiros desse credor, anunciou o jornal ‘South China Morning Post’.
Em comunicado divulgado nesta segunda-feira, a Autoridade Aeroportuária de Hong Kong (AAHK) confirmou que havia invocado a seção 40 do Regulamento da Autoridade Aeroportuária para assumir o controle de aviões da companhia aérea. A seção trata da detenção de aeronaves.
“O AAHK agiu … para deter sete aeronaves que estavam paradas da Hong Kong Airlines, a fim de proteger interesses financeiros”, disse a autoridade.
A transportadora aérea, que é a terceira maior com sede na Região Autónoma Especial de Hong Kong (RAEHK), tem sido referida como estando em grandes dificuldades financeiras, devido à queda do movimento de passageiros e a toda a crise político-social que se tem verificado, nos últimos meses, no território que, até aos noventa do século passado, foi administrado pelo Reino Unido. Retornou ao domínio da China em 1997, com um regime especial, mantendo o inglês como uma das línguas oficiais e seguindo o lema ‘Um País, dois sistemas’, também aplicado em 1999 ao território de Macau, que esteve até essa data sob administração portuguesa.
A companhia aérea já reconheceu que alguns dos seus aviões estão sob controlo da AAHK, não tendo sido explicado se estamos perante um arresto ordenado por um Tribunal de Comércio.
“Devido à consolidação da rede, algumas de nossas aeronaves não foram programadas para operação e estão atualmente suspensas de serviço após acordo com a Autoridade Aeroportuária. A nossa operação atual continua normal ”, disse uma porta-voz da Hong Kong Airlines ao jornal chinês.
As aeronaves, que foram armazenadas, estavam na verdade paradas. As paragens começaram há 11 meses e a última a juntar-se ao grupo foi há três meses, explica o ‘South China Morning Post’. Todas são propriedade de uma empresa de leasing controlada pelo conglomerado HNA, dono da companhia aérea.
Numa primeira análise as aeronaves estão apreendidas devido à enorme dívida que a companhia tem ao Aeroporto de Hong Kong, que cobra taxas elevadíssimas pelo estacionamento de aeronaves. Com base nas tarifas cobradas habitualmente (a menor das quais é 11 dólares norte-americanos por 15 minutos) estima-se que a companhia tenha uma dívida de entre 1,4 e 2,2 milhões de dólares dos EUA.
A Hong Kong Airlines esteve à beira de perder a sua licença de voo (COA) no início do corrente mês, devido a incumprimentos financeiros. Foi obrigada a reduzir os seus quadros de pessoal e a sua frota em um quarto, estando agora a trabalhar com 27 aviões. Anunciou também que a partir do próximo mês de fevereiro de 2020 deixará de fazer voos de longo curso. Entretanto arranjou fundos para recuperar parte das suas operações, mantendo ativo o seu COA.
A companhia está também a dirimir em tribunal, desde há várias semanas, um outro processo que lhe foi instaurado pelo não pagamento dos leasings à empresa ALAFCO, do Kuwait, de dois aviões Airbus A350 (registos B-LGE e BLGH) anunciou o jornal ‘The Post’, de Hong Kong. O processo reclama 46,7 milhões de dólares norte-americanos à Hong Kong Airlines. Um dos dois aviões, que estão parados desde 20 de outubro passado, retomou os voos no sábado, dia 14 de dezembro. Aparentemente, refere o jornal, a Direção Geral de Aviação Civil já recebeu ordens para arrestar os dois aparelhos.