O presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) instou a companhia aérea EasyJet a apresentar uma proposta “no mínimo trabalhável” aos tripulantes de cabina colocados nas bases portuguesa da companhia britânica, em greve desde sexta-feira, dia 21 de julho, com uma adesão de 90%, segundo os números que têm sido divulgados pelo sindicato.
“Ninguém faz uma greve de ânimo leve. Lamentamos o transtorno que estamos a causar aos passageiros. É importante que a empresa perceba que com este desgaste não vai a lado nenhum e está a prejudicar todas as partes envolvidas e que apresente uma proposta séria que nós possamos dizer é trabalhável”, disse Ricardo Penarróias.
Em declarações à agência de notícias ‘Lusa’, nesta terça-feira, dia 25 de julho, último de cinco dias de greve que levou ao cancelamento de centenas de voos e ligações, o presidente SNPVAC lamentou que a empresa “tenha optado por sair da mesa de negociações”, garantindo que o sindicato e os trabalhadores estão disponíveis para retomar o diálogo.
“A empresa é que saiu da mesa de negociações. Nós nunca saímos. Esperemos que depois da greve, a empresa apresente uma proposta mais próxima daquilo que pretendemos”, referiu o sindicalista.
Ricardo Penarróias considerou que o balanço desta que é a terceira greve em poucos meses dos tripulantes de cabina da easyJet é “positivo com mais de 90% de adesão” o que demonstra “união e resiliência”.
“Demonstraram, mais uma vez, que estão unidos e irão até ao fim na luta e na conquista das suas reivindicações que são mais do que legitimas”, referiu.
Em causa está, insistiu, “tentar atenuar o fosso salarial e de condições de trabalho em relação a outros tripulantes de outras bases e de outros países”.
“Apesar de tudo o que se passou antes e durante a greve, desde ataques até desinformação, esta adesão é muito significativa. A empresa tentou contornar a lei recorrendo a outros tripulantes de outras bases para colmatar os grevistas em Lisboa e no Porto”, descreveu Ricardo Penarróias.
O responsável considerou que esta adesão “dá mais força ao sindicato e aos tripulantes de cabina e demonstra que a empresa está errada na sua postura”.
“Estamos a falar da terceira greve. É natural que haja um desgaste. Acredito que a empresa esteja a jogar com esse fator. É preciso não esquecer que os tripulantes de cabina vivem muitas variáveis que têm uma parcela muito importante no seu rendimento: se não voam não recebem. Mas eles sabem que estamos a lutar por algo que é justo e que no final o que queremos é chegar a bom porto nas nossas reivindicações”, terminou.
Esta é a terceira greve destes trabalhadores no espaço de cerca de três meses.
Os dirigentes sindicais acusam a transportadora de “precarização e discriminação” face aos outros países e exigem aumentos salariais, bem como melhores condições de trabalho.
Na sexta-feira, no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, fonte do sindicato indicou que os destinos mais afetados pela paralisação eram Madeira, Londres, Paris, Genebra e Luxemburgo.
Nesta terça-feira, dia 25, decorre, em Lisboa, no Aeroporto Humberto Delgado, um protesto dos tripulantes de cabina da companhia de baixo custo britânica.
Nas faixas e cartazes leem-se frases como “Bónus milionários, salários precários” ou “Aviação em expansão, salários é que não”.