“Sinto ser meu dever dizer claramente: a sobrevivência da TAP está em risco caso se prolongue a instabilidade actual e se não normalizarmos rapidamente a relação de confiança com o nosso mercado”, afirma o director executivo da companhia em mensagem hoje, sexta-feira, dia 19 de Novembro, aos trabalhadores.
Fernando Pinto destaca na sua mensagem que é decisivo para uma companhia aérea contar com “a confiança dos seus passageiros”, para a qual repetidamente chama a atenção desde o primeiro parágrafo. A mensagem surge poucas horas depois de uma reunião com dirigentes sindicais na qual o assunto da greve foi abordado e em que a Administração da TAP fez ver aos sindicalistas as repercussões que a decisão de recorrer a uma greve geral pode ter no futuro da empresa. Inconsequente, como referiu o ‘Newsavia’ em notícia anterior (LINK).
“A TAP é, a nível nacional, um dos temas do momento, com a manifestação exacerbada de posições antagónicas. Como é lógico, esta situação desgasta a imagem da empresa e contamina o seu interior, correndo-se, por isso, o risco de passar para segundo plano aquilo que é decisivo para uma companhia de aviação: a confiança dos seus passageiros”.
Fernando Pinto lembra então que no Verão a TAP viveu um “período difícil em termos operacionais”, que superou mas do qual “saiu fragilizada” e quando começava “a recuperar a confiança” do mercado, “teve início um período, prolongado, com ameaças de greve, surgindo, de súbito, o anúncio de uma greve de quatro dias entre o Natal e o Ano Novo”.
“Este prolongamento da instabilidade é trágico para qualquer companhia de aviação, mais ainda para uma companhia como a nossa, cujo mercado tem uma forte componente de lazer, o que impede, consequentemente, que sejam atingidos níveis tarifários médios ao alcance da maior parte das nossas concorrentes”, avisa Fernando Pinto explicando de seguida que consequência desses contornos da actividade é que a TAP não pode “desperdiçar os períodos altos, como o Verão ou o Natal e Ano Novo, sob pena de deitarmos a perder todos os esforços desenvolvidos ao longo do ano inteiro”.
É então que Fernando Pinto, que sempre se tem afirmado um optimista por natureza, lança o aviso mais sério: “Mesmo nos momentos mais difíceis não nos podemos deixar levar pelo pessimismo mas, nesta conjuntura, sinto ser meu dever dizer claramente: a sobrevivência da TAP está em risco caso se prolongue a instabilidade actual e se não normalizarmos rapidamente a relação de confiança com o nosso mercado”.
“Se tal não acontecer, com urgência, de pouco importará saber se a TAP deve ser pública ou privada”, enfatiza o responsável pela companhia aérea de bandeira portuguesa, que diz aos trabalhadores que não lhes pede que ignorem opiniões próprias, mas que atentem que “a TAP precisa de recuperar de imediato a imagem de confiança e qualidade que ganhou ao longo de quase 70 anos de história”.
Fernando Pinto chama ainda a atenção para o que aconteceu a “outras companhias europeias, também elas prestigiadas e importantes”, para rebater “a ideia” que se possa ter instalado na sequência de outras crises de que a TAP, pela importância para o País, está “a salvo de consequências negativas”, rematando que, “nos tempos actuais, independentemente de quem seja o seu proprietário, uma companhia de aviação só sobrevive com a confiança dos seus passageiros”.
“Convido cada um de vós a reflectir na melhor forma de contribuir para a salvaguarda do futuro TAP”, conclui o director executivo da TAP.