A companhia aérea angolana TAAG, constituída por capitais públicos, liderou a formação de uma companhia feeder que irá ser responsável pelos voos de e para aeroportos de menor movimento em Angola, de forma a alimentar o seu fluxo de passageiros nas rotas de maior movimento.
Desde algum tempo que membros do governo de Luanda e responsáveis pela TAAG tinham manifestado esse interesse, dado considerar-se um desperdício de meios o facto dos Boeing 737-700 estarem a fazer voos em rotas de menor densidade de passageiros, havendo ainda um défice de transporte de passageiros para os aeroportos e aeródromos de localidades menos povoadas ou desenvolvidas num país tão extenso como é Angola.
A solução encontrada foi um compromisso entre entidades públicas e privadas, tendo sido criado um consórcio que resulta de uma parceria público privada (PPP) denominada ‘Air Connection Express’, que tem como sócios as empresas públicas TAAG – Linhas Aéreas de Angola (maioritária) e ENANA – Empresa Nacional de Exploração de Aeroportos e Navegação Aérea de Angola e as empresas privadas Airjet, Air26, Bestfly, Diexim, Mavewa, SJL e Air Guicango.
O consórcio está atualmente em processo de organização da sua estrutura operacional que deverá ser conhecida em breve.
Asisnado contrato de aquisição com a Bombardier em Luanda
Entretanto, no sábado, dia 5 de maio, em Luanda, a empresa ‘African Aero Trading’, em nome da Air Connection Express (ACE) assinou um contrato de compra firme com a Bombardier para aquisição de seis aviões novos Bombardier Q400. O negócio está avaliado em cerca de 198 milhões de dólares norte-americanos.
A entrega dos dois primeiros Q400 deverá acontecer no primeiro semestre de 2019, em linha com o início das operações. Mais duas aeronaves chegarão até o final de 2019, seguidas das outras duas em 2020.
Além disso, como parte do acordo estabelecido entre as partes, a construtora aérea canadiana Bombardier irá treinar 120 angolanos para trabalhar como pilotos (55), comissários de bordo (25)e mecânicos (40) da nova companhia aérea, além de colocar um representante no país por três anos.
A ACE, com sede em Luanda, irá operar o Q400 nos voos domésticos para ligar comunidades mais pequenas e aumentar as frequências como companhia aérea regional para a TAAG – Linhas Aéreas de Angola, também conhecida internacionalmente por Angola Airlines, que é desde 1975 a companhia aérea nacional de Angola.
Os Bombardier Q400 substituirão o uso dos B737-700 da TAAG em rotas de curta distância. A frota da ACE também incluirá dois aviões de passageiros de fabrico chinês MA60 recém adquiridos, como já referiu o ‘Newsavia’ (LINK notícia relacionada).
Um comunicado distribuído pela Bombardier indica que Alcinda Pereira (Bestfly), em representação do consórcio, disse que este projeto pode vir a definir os próximos 30 anos da indústria em Angola, não só pela forma estruturada como está a ser conduzido, mas porque vai permitir o crescimento da economia nacional.
Considerou que este projeto traz a possibilidade de se viajar a um custo mais baixo e permite um aumento significativo das frequências e ligações a todo o país, o que dita uma nova era da aviação em Angola.
Para Sammer Adam, diretor comercial da Bombardier, a escolha do Q400 é óptima, pois trata-se de uma aeronave com velocidade e desempenho em pistas desafiadoras e em pequenos mercados onde outras aeronaves têm dificuldades, além de permitir uma redução de custos e o aumento da oferta dos serviços, com um forte pacote de suporte.
Augusto da Silva Tomás, ministro dos Transportes de Angola, que esteve presente na cerimónia de assinatura do contrato com a fábrica canadiana, anunciou que a constituição da nova companhia aérea, baseada no projeto deste consórcio e com um objectivo claro de viabilizar e rentabilizar o transporte entre aeroportos mais pequenos do País, vai marcar a abertura de um novo capítulo na aviação civil e ditar a criação de bases aéreas regionais.
Avançou que as aeronaves vão parquear em quatro bases regionais, designadamente: Norte, em Cabinda; Sul no Lubango; Leste no Luena (Moxico); e na zona central do país, que terá como base o aeroporto da Catumbela (Benguela).A exploração prevê-se que seja em ‘Ponte Aérea’ com Luanda.
“Este ensaio visa dar resposta a preocupação das populações a nível do transporte aéreo, para reforçar a coesão social, económica e territorial do nosso país”, afirmou o ministro.
Consórcio tem nove sócios e capital de 143,4 milhões de dólares
O consórcio é composto por nove acionistas, nomeadamente a TAAG, sócio maioritário, ENANA, Bestfly, Air Jet, Air 26, Air Guicango, Diexim, SJL e Mavewa, e irá dispor de um capital avaliado em 143,4 milhões de dólares norte-americanos.
O projeto resulta de um financiamento montado por um sindicato bancário composto e liderado pelo banco angolano BNI e pelos Bancos de Desenvolvimento Afrexim, sediado no Egito e EDC – Export Development Canada.
Os dois primeiros financiarão a dívida júnior enquanto o EDC financia a sénior, estando já garantido 90 por cento do capital para a aquisição, havendo a necessidade do “aporte” de 10 por cento por parte dos acionistas e a necessidade de garantia soberana para assegurar o financiamento.