A TAAG – Linhas Aéreas de Angola prepara-se para o ‘phase-out’ dos últimos três aviões Boeing 737-200 da sua frota, no início do próximo ano. São dois B737-200 Adv e um B737-200 (M).
Trata-se de aparelhos que sempre estiveram ao serviço da companhia angolana. No conjunto as três aeronaves, em média, voam há mais de trinta anos. Os serviços de Engenharia da TAAG têm sido, também, responsáveis pela sua manutenção, e são a parte importante deste sucesso de mais de três décadas de serviço, nem sempre nas melhores condições e em teatros de risco e com grandes histórias para contar. Os aviões que serão dispensados no início de 2005 têm os seguintes registos: D2-TBO (sn 22776, primeiro voo a 25 de Junho de 1982), D2-TBX (sn 23351, primeiro voo a 16 de Maio de 1985) e D2-TBC (sn 21173, primeiro voo a 28 de Janeiro de 1976).
Carlos Vicente, director de Relações Públicas da companhia aérea angolana, em recentes declarações à agência noticiosa estatal Angop, confirmou que as velhas aeronaves têm passado muito tempo estacionadas em Luanda, mas que a sua robustez permite à TAAG continuar a servir aeroportos com condições muito especiais de operação, como são os casos de Menongue, Saurimo e Luena.
Com a chegada a Angola dos novos Boeing 737-700, os modelos clássicos dos B737-200 vão sair da frota, o que, aliás, resulta de uma exigência da actual regulamentação internacional, pois devido ao ruído dos seus motores e outras características dos aparelhos, estes já estão proibidos de aterrar em aeroportos europeus. Daí uma das razões porque a TAAG continua na lista negra da União Europeia. Uma situação que poderá ficar resolvida, quase de forma automática, logo que a frota da companhia, que em 2015 será uma das mais modernas da África, esteja de acordo com as directivas internacionais. Por outro lado tem sido feito um esforço muito grande em dotar a companhia com todos os quesitos indispensáveis para ombrear com outras congéneres internacionais, em certificação técnica e qualidade dos seus profissionais. Têm sido organizados vários cursos em Luanda, de proficiência em diversos sectores, alguns com a cooperação de reconhecidos especialistas da TAP Portugal, que colocam os profissionais da TAAG ao mesmo nível que os das maiores e mais prestigiadas companhias aéreas.
A TAAG opera presentemente uma frota de seis Boeing737-700, cinco adquiridos directamente à fábrica e outro (B737-700QC, registo D2-TBK) que veio da companhia angolana SonAir – Serviço Aéreo (propriedade da companhia petrolífera de Angola), no final do ano de 2011, praticamente novo, com poucas horas de voo.
No longo curso a TAAG trabalha com três aeronaves Boeing 777-200ER e outras três Boeing 777-300ER. No final do próximo ano de 2015 a companhia deverá receber mais um avião B777-300ER novo e ainda outro no decorrer de 2016, data em que terá uma frota total para o longo curso com nove aeronaves, todas B777.
Fontes angolanas relacionadas com o sector do transporte aéreo admitem que no início do próximo ano a TAAG volte a debruçar-se sobre o dossiê da sua frota para o médio curso, já que a abertura de novos aeroportos, muitos em obras de ampliação e melhoramento, incluídos no Plano Nacional de recuperação em curso, permitirá a Angola construir uma nova e eficiente rede de ligações aéreas dentro do País, que exigirá da companhia nacional alguma flexibilidade de equipamentos, provavelmente nas aeronaves até 120 lugares de capacidade. Aliás, responsáveis da companhia já deram a entender que o crescimento interno implicará a aquisição de mais aviões para as ligações internas ou a assinatura de contratos interline com outras companhias nacionais. A questão é saber se existirá outra companhia disposta a tal ou que tenha a confiança do mercado e dos responsáveis pela TAAG.
- Notícia rectificada em 20 de Agosto de 2014 – 13h25 UTC
- A imagem que ilustra esta notícia é muito oportuna, tendo em conta a matéria que hoje abordamos, e foi obtida há poucos dias em Luanda. É da autoria do Tony Mangueira Fernandes, piloto e spotter em Angola, cuja atitude tem sido exemplar no intercâmbio e melhor conhecimento das coisas da aviação entre os países de língua portuguesa.