O Governo da República de Cabo Verde aprovou mais um aval do Estado, desta vez de 5,8 milhões de euros, à transportadora aérea TACV, para investimentos, desta feita com a aquisição do segundo avião.
De acordo com a resolução governamental publicada nesta quinta-feira, dia 15 de junho, a que a agência portuguesa de notícias ‘Lusa’ teve acesso, a TACV – Transportes Aéreos de Cabo Verde recorreu a um empréstimo bancário junto do Banco Cabo-Verdiano de Negócios (BCN), no montante de 650 milhões de escudos cabo-verdianos (5,8 milhões de euros), para dar continuidade ao seu programa de investimentos, desta feita com a aquisição do segundo avião.
Para o Executivo, esta operação é “fundamental” para o desenvolvimento da atividade da empresa, bem como a materialização do seu plano de estabilização financeira.
“Para a realização desta operação, o referido banco solicitou o aval do Estado como garantia do empréstimo e condição indissociável à concretização do financiamento”, lê-se no documento, indicando que o prazo da operação é de nove meses.
Para fazer face à situação de “subcapitalização” e à necessidade de “saneamento financeiro” da transportadora aérea, o Governo lembrou que o Estado, enquanto acionista maioritário, aprovou a concessão de um aporte financeiro à TACV, a fim de dotá-la dos meios financeiros que lhe permita continuar a desenvolver as suas atividades e honrar com os seus compromissos.
“No entanto, para fazer face às necessidades de financiamento apresentadas no seu Plano de Retoma e Estabilização, a empresa tem recorrido também a outras fontes para captação de recursos, como o crédito bancário”, referiu, reconhecendo o “papel relevante” que a TACV desempenha na dinâmica da economia nacional.
Em março deste ano, a Cabo Verde Airlines – nome comercial da companhia – tinha pedido a prorrogação por um ano do prazo de pagamento de mais um empréstimo, também junto do BCN e de quatro milhões de euros, alegando os impactos na subida dos preços dos combustíveis.
A TACV, que está há pouco mais de um ano a relançar a atividade após a paragem provocada pelas restrições da pandemia de covid-19, já tinha prorrogado em fevereiro passado, em simultâneo e também por 12 meses, outros dois empréstimos, neste caso junto da Caixa Económica de Cabo Verde, no valor de 100 milhões de escudos (910 mil euros) e de mais de 110 milhões de escudos (um milhão de euros).
O Governo também já tinha aprovado em dezembro passado um aval do Estado de 250 milhões de escudos (2,2 milhões de euros) à companhia, para apoiar a tesouraria e continuar as operações e atividades previstas ainda para 2022.
Em fevereiro de 2022, o Governo cabo-verdiano tinha atribuído outro aval para um empréstimo de 1,5 milhões de euros à TACV, face a “necessidades de emergência”, como o pagamento de salários.
O Estado cabo-verdiano prevê injetar anualmente mil milhões de escudos (9,1 milhões de euros) na TACV nos próximos três anos, para garantir a estabilidade e recuperação da companhia aérea, antes de a voltar a reprivatizar.
Em março de 2019, o Estado de Cabo Verde vendeu 51% da TACV por 1,3 milhões de euros à Lofleidir Cabo Verde, empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF (grupo Icelandair, que ficou com 36% da Cabo Verde Airlines) e em 30% por empresários islandeses com experiência no setor da aviação (que assumiram os restantes 15% da quota de 51% privatizada).
Entretanto, na sequência da paralisação da companhia durante a pandemia de covid-19, o Estado cabo-verdiano assumiu em 06 de julho de 2021 a posição de 51% na TACV, alegando vários incumprimentos na gestão a cargo dos investidores islandeses e dissolveu de imediato os corpos sociais.
A TACV suspendeu os voos comerciais em março de 2020, devido às restrições nos voos para conter a pandemia e só retomou a operação, já de novo nas mãos do Estado cabo-verdiano, em dezembro de 2021, ao fim de 21 meses, com ligações entre a Praia (ilha de Santiago) e Lisboa, alargadas em 2022 da capital portuguesa também às ilhas do Sal e de São Vicente.
Em 17 de maio, a presidente da companhia estatal cabo-verdiana, Sara Pires, previu a retoma dos voos para Bissau, dez anos depois, e voos no inverno para o Boston e Brasil.
“Neste momento, a Cabo Verde Airlines tem voos de e para Lisboa. Nós, a partir do mês de julho, estaremos a introduzir os voos para Paris e a partir do ‘Inverno IATA’ introduzir os voos para Boston e para a Brasil”, avançou ainda.
A TACV vai operar a partir de julho com um Boeing 737 MAX 8, para acrescentar ao Boeing 737-700 alugado desde março de 2022 pela companhia de bandeira cabo-verdiana à congénere angolana TAAG, que tem assegurado desde então as ligações de Cabo Verde a Portugal.