TAP defende-se e acusa ex-CEO de conflito de interesses com empresa ligada ao marido

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Os advogados da TAP acusam a ex-presidente executiva (CEO) de permitir uma situação de conflito de interesses com a empresa que contratou o marido e tentou prestar serviços à companhia aérea, causando “graves riscos reputacionais” à transportadora.

Segundo a contestação da defesa à ação judicial de Christine Ourmières-Widener, a que a agência portuguesa de notícias ‘Lusa’ teve acesso nesta terça-feira, dia 16 de janeiro, o marido da ex-CEO, Floyd Murray Widener, foi contratado para a empresa israelita ‘Zamna’ três meses depois de Christine Ourmières-Widener ter assumido funções na TAP.

Os advogados apontam ainda que o marido da gestora foi contratado para o cargo de diretor de desenvolvimento comercial, apesar da formação na área da literatura e experiência profissional na área das telecomunicações e aluguer de espaços para eventos.

De acordo com o documento, um mês após assumir o cargo, Floyd Widener “já estava na TAP a fazer apresentações do produto para o vender” à companhia aérea, sendo que a sua passagem pela ‘Zamna’ coincide praticamente com o mesmo período de tempo em que a gestora exerceu funções na transportadora aérea.

“Pode ser coincidência que um mês depois de ser contratado o marido da Autora [ex-CEO] já estar na TAP a fazer apresentações de produtos e, pouco depois, a implementar um projeto piloto, à revelia do Conselho de Administração. Mas tudo isto levanta a legítima suspeita de que o marido da Autora fora contratado pelo facto de a Autora ser CEO da TAP”, apontam os advogados, levantando a suspeita da eventual prática de “tráfico de influência, de oferta indevida de vantagem ou mesmo de corrupção”.

A defesa acrescenta que, mesmo que não se verifique a existência de crimes, a mera permissão de Christine Ourmières-Widener à situação de “manifesto conflito de interesses” é “inadmissível”, acusando ainda a gestora de colocar em causa a reputação da TAP.

A contratação da empresa representada pelo marido da ex-CEO só não avançou, alega a defesa, devido à intervenção da então administradora Alexandra Reis.

Os advogados apontam que esta decisão de Alexandra Reis, juntamente com a recusa em despedir o motorista que falou sobre o uso pessoal da viatura de serviço por familiares de Christine Ourmières-Widener, estão na base da “animosidade pessoal” da ex-gestora francesa relativamente a Alexandra Reis, que culminou no seu afastamento da companhia, e não o desalinhamento quanto à execução do plano de reestruturação, conforme alegado pela ex-CEO.

“Em concreto, a engenheira Alexandra Reis – tendo em melhor atenção os interesses das sociedades que administrava – obstaculizou (e muito bem!) duas situações em que a Autora se olvidou dos mais elementares deveres de gestão”, sustentam os advogados.

Quanto às negociações para a saída de Alexandra Reis, que acabou por acontecer acompanhada de uma indemnização de meio milhão de euros, a defesa da TAP aponta que Oumières-Widener “decidiu e executou, à revelia dos seus colegas da administração, o que quis, como quis, quando quis, tendo provocado uma pura situação de facto consumado”, “assinando um acordo ilegal e para o qual não tinha poderes”.

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