A TAP revelou nesta quarta-feira, dia 19 de outubro, que irá aumentar a sua capacidade de frota – até um máximo de 99 aeronaves de acordo com o Plano de Reestruturação aprovado pela Comissão Europeia – e oferecer uma maior disponibilidade operacional com a entrada de mais aviões Embraer E-Jets na Portugália Airlines, uma subsidiária da TAP que trabalha como feeder da companhia-mãe para e da Europa e Norte de África.
Num comunicado oficial distribuído ao princípio da noite em Lisboa a TAP explica que a opção por mais equipamentos Embraer 190 e 195 nas suas rotas resulta da falta de fiabilidade da frota de ATR 72-600 que estão ao serviço da companhia operados pela White Airways, uma empresa portuguesa de transporte aéreo, no segmento de voos ACMI e charters.
A White Airways tem vindo a operar, desde 2016, uma frota de seis aviões ATR para a TAP, “o que tem sido um desafio constante, com múltiplos aviões ATR a ficarem em terra por avaria e a registarem uma regularidade operacional decrescente”.
De acordo com o plano de reestruturação com que a TAP está comprometida, a companhia tem uma limitação em termos de dimensão da frota, que não pode exceder as 99 aeronaves.
Esta limitação exige que a empresa potencie a oferta através da utilização de aeronaves com maior capacidade de lugares, em detrimento dos aviões da frota com menor capacidade, justamente os ATR.
Adicionalmente, “a TAP tem de reforçar a fiabilidade da sua frota, para evitar que os resultados operacionais sejam penalizados pela indisponibilidade de aeronaves”.
De futuro, a TAP apenas necessitará de dois ATR, uma vez que vai contar com seis E-jets (Embraer) adicionais na Portugália Airlines, dois dos quais já iniciaram as operações em setembro deste ano, enquanto os quatro restantes entrarão faseadamente até janeiro de 2023.
Neste comunicado a TAP ‘arrasa’ o desempenho dos seis aviões ATR 72-600 que vieram da AZUL – Linhas Aéreas Brasileiras, em 2016, alguns com apenas um ano de serviço e outros diretamente da fábrica, em França – estavam encomendados pela Azul –, num negócio então apadrinhado por David Neeleman, nesse tempo accionista da companhia aérea portuguesa, através do consórcio ‘Atlantic Gateway’.
Só durante o último ano, a White Airways teve uma média mensal de 10 eventos AOG (Aircraft on Ground) devido a razões técnicas.
Entre novembro de 2021 e setembro de 2022, razões técnicas resultaram num agregado de 342 voos cancelados, com uma média de 31 voos cancelados por mês. Só em setembro de 2022, a White teve 84 voos cancelados por razões técnicas.
Em 2022 (acumulado), a White Airways tem 1,9 AOG por 100 voos, contrastando com a relação da TAP de 0,52 AOG por 100 voos. A White Airways operou 94% dos voos planeados, enquanto na TAP esta percentagem sobe para 98,2%.
Desde janeiro de 2022, o baixo desempenho da frota ATR operada pela White teve um impacto financeiro negativo na TAP de 4,8 milhões de euros devido a cancelamentos, necessidade de troca de aviões com aumento de capacidade e indemnizações aos passageiros.
Apesar da falta de fiabilidade operacional da White, a TAP tem vindo a pagar diretamente à White as horas voo e a suportar os custos dos alugueres das aeronaves e das reservas de manutenção.
Entre 2016 e 2022, a TAP pagou 109 milhões de euros por horas de voo diretamente à White e 98 milhões de euros por alugueres de aeronaves ao serviço da White, mais 33 milhões de dólares para reservas de manutenção ao locador da aeronave.
Durante os anos pandémicos, a TAP continuou a apoiar a White, pagando 24 milhões de euros durante 2020 e 2021, o que representou uma diminuição média de apenas 20% em relação a 2019, embora em média as operações da White para a TAP tenham diminuído 42%.
Por todas as razões antes apontadas, a TAP decidiu não renovar o contrato com a White Airways que expira no final do corrente mês (31 de outubro de 2022).
Para poder operar com os dois aviões ATR 72-600 previstos na sua frota para este Inverno IATA (2022-23) a TAP lançou um pedido de proposta a vários operadores de ATR, a fim de otimizar a frota a operar ao seu serviço, aumentar a fiabilidade e reduzir os custos.
“Das cinco propostas recebidas, a melhor oferta para operar dois ATR está a ser negociada e vai proporcionar a necessária regularidade operacional e evitar o impacto financeiro negativo que a TAP tem sofrido até agora devido à falta de fiabilidade da White”, explica a TAP que assegura que o operador selecionado vai contratar tripulantes e técnicos de manutenção portugueses para os dois ATR.