TAP restringe emissão de bilhetes em Angola para rotas com origem e destino no País

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A TAP anunciou ontem, 26 de Janeiro, que não aceita mais emissões em Angola de bilhetes que não sejam para viagens a começar nos seus voos de Luanda, uma prática usada por algumas agências de viagens e empresas portuguesas para obviar às dificuldades de repatriarem capitais e que levou a que cerca de 45% das emissões no mercado angolano não fossem de viagens a começar neste país africano.

Essa decisão não afecta as emissões de bilhetes vendidos em Angola para viagens à partida de Luanda, incluindo as que implicam conexão em Lisboa para outros destinos, confirmou ao portal português de notícias de turismo e viagens ‘PressTUR’ fonte oficial da companhia.

“A partir de ontem as vendas em Angola continuarão a decorrer normalmente para viagens iniciadas em Luanda, mas as que se iniciarem em Lisboa terão que ser efectuadas na origem”, especifica a informação da TAP. O que está em causa é a crescente dificuldade por parte das companhias portuguesas em repatriarem capitais por “escassez de dólares” no mercado angolano.

“Acho muito bem, a TAP não pode continuar a suportar as dificuldades dos outros”, disse ao ‘PressTUR’ o empresário de uma das agências de viagens portuguesas que tem forte actividade de comercialização de voos entre Portugal e Angola.

As fontes do portal português explicaram que, perante a agudização das dificuldades em repatriarem capitais de Angola, várias empresas optavam por fazer a despesa de pagar os bilhetes em Angola, requerendo às agências de viagens que procedessem dessa forma, ainda que as viagens fossem para começar em Portugal.

A implicação é que essas empresas ‘consumiam’ recursos que tinham em Angola, reduzindo o volume de capitais que tinham ‘bloqueados’ no País, mas para a TAP era o inverso, pois aumentava-lhes as receitas que ficavam em Angola, que assim em grande parte nem sequer diziam respeito a vendas de viagens a começar em Luanda.

Daí, aliás, que fonte da companhia tenha comentado ao ‘PressTUR’ que a TAP pretende “evitar uma nova Venezuela”, referindo-se ao volume de capitais que a companhia, tal como várias outras transportadoras aéreas, tem no mercado venezuelano e que não consegue repatriar e que segundo algumas fontes ultrapassa a centena de milhões de euros.

O que está em causa é que a queda do preço do petróleo, muito ansiada pelas companhias aéreas que muito se têm ‘queixado’ dos preços historicamente altos do combustível de avião, também tem impactos negativos ‘colaterais’.

Uma das consequências é a aposta dos mercados financeiros no dólar, moeda das transacções do combustível, que assim sobe e ‘come’ parte da queda do preço do fuel para as empresas que têm a maior parte das receitas noutras divisas.

A queda do preço petróleo leva ainda a perturbações nos países produtores de petróleo, como sejam a escassez de divisas, de que é exemplo a situação em Angola, mas também a que se vejam constrangidos a adoptarem medidas de ‘austeridade’, a que as viagens nunca escapam, e é conhecido que esses mercados são genericamente de ‘alto yield’, por terem forte componente de viagens empresariais e designadamente de tarifas de ‘business’ ou mesmo primeira classe.

A decisão ontem anunciada pela TAP em relação às emissões em Angola, de acordo com as fontes do ‘PressTUR’, irá ter impacto significativo no BSP Portugal (sistema da IATA que faz intermediação entre as companhias aéreas e as agências de viagens), pois as ligações com Luanda, operadas pela TAP e pela TAAG, são as que mais peso têm nas vendas totais.

Ao impedir a transferência para Angola das emissões de bilhetes para viagens a iniciar em Portugal, a tendência será para o BSP, pelo menos nesta fase, ter um “impulso positivo”, dizem as fontes do ‘PressTUR’, que referem ainda que algumas agências de viagens portuguesas faziam também a transferência das emissões para o mercado angolano em função das suas necessidades de tesouraria, tal como as empresas suas clientes.

 

  • Texto publicado a 27 de Janeiro de 2015 pelo ‘PressTUR’, portal de notícias de turismo e viagens, parceiro editorial do Newsavia em Portugal

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