Um texto publicado hoje na edição online da Rádio ‘A Voz da Rússia’ volta a apontar o dedo à Força Aérea da Ucrânia, como sendo a autora do derrube do avião Boeing 777-200 da Malaysia Airlines, que em 17 de Julho, caiu sobre território ucraniano, na zona de Donetsk, numa ocasião em que se disputavam combates pelo controlo militar da região, que pretende a independência da Rússia. A aeronave viajava de Amsterdão, na Holanda, para Kuala Lumpur, na Malásia, e morreram todos os 298 ocupantes do aparelho, incluindo 43 cidadãos malaios. Foi a segunda tragédia a atingir um avião da Malaysia Airlines neste ano de 2014, como é de conhecimento público.
O texto a que nos referimos pretende demonstrar, uma vez mais, que foi a Força Aérea da Ucrânia que derrubou o avião e que não houve qualquer intervenção dos russos que nesse momento estavam ao lado dos independentistas de Donetsk, e sobre quem recaiu, de início, as suspeitas de serem autores e responsáveis por mais esta tragédia.
Para melhor entendermos o que conta a estação de rádio russa, e para que os nossos leitores retirem também as suas conclusões, reproduzimos em seguida o texto que foi publicado hoje, dia 23 de Dezembro, na página de Internet de ‘A Voz da Rússia’:
«No dia da catástrofe do Boeing malaio na região de Donetsk o avião de assalto ucraniano Su-25 tinha levantado voo do aeródromo com mísseis ar-ar, mas retornou sem a carga de combate e o piloto estava muito assustado. Esta informação foi publicada pelo jornal ‘Komsomolskaya Pravda’ que alega um certo empregado desta base aérea, a que o periódico chama “testemunha secreta”.
O interlocutor do jornal revelou que se encontrava “na cidade de Dnepropetrovsk, povoado Aviatorskoe”. “É um aeroporto comum. Naquela época ali se baseavam caças e helicópteros”, informou.
“Os aviões levantavam voo e bombardeavam regularmente, os aviões de assalto SU-25 bombardeavam Donetsk e Lugansk. Isso se prolongou por muito tempo… À tarde, aproximadamente uma hora antes do abatimento do Boeing, três aviões de assalto levantaram voo. Não me lembro da hora concreta. Um destes aviões estava munido de mísseis deste tipo (ar-ar). Era um Su-25″, disse o interlocutor do jornal.
Afirmou que não podia confundir estes mísseis com os mísseis tipo ar-terra. “Não, não pude confundir. As suas dimensões, empenagem e coloração são diferentes. Além disso, eles possuem a ogiva de guiamento. A sua identificação é fácil”, disse o empregado desta base aérea.
“Em poucas palavras, algum tempo depois retornou apenas um avião, mais dois foram abatidos. Segundo me disseram, foram abatidos em algum local do leste da Ucrânia. Retornou apenas o avião que estava munido destes mísseis… Retornou sem os mísseis. O piloto estava muito assustado”, disse o interlocutor do jornal.
Quando o tiraram do avião, disse: ‘O avião não foi aquele’. À noitinha um outro piloto perguntou a este, Voloshin: ‘O que houve com o avião?’ E ele respondeu: ‘O avião ficou na hora errada e no local errado…’ Todas as tentativas de discutir foram interrompidas imediatamente”, declarou o entrevistado.
O interlocutor do jornal admitiu que o piloto do Su-25 podia tomar o Boeing por um avião de combate: “É possível, a distância era grande, ele podia não ver concretamente, que avião era este”. Revelou que os mísseis deste tipo podem captar o alvo à distância de 3-5 quilômetros e no caso de ascensão máxima, a 7 mil metros. “O avião pode simplesmente levantar o nariz e não há problema com a fixação do alvo e lançamento do míssil. O raio de ação deste míssil supera 10 quilômetros”, revelou a fonte do jornal.
Por sua vez o Comitê de Investigação (CI) da Federação da Rússia está interessado na edição do jornal Komsomolskaya Pravda acerca do Boeing malaio e pretende entrar em contato com a publicação para averiguar as suas fontes de informação, anunciou aos jornalistas, na terça-feira, o porta-voz do CI, Vladimir Markin.
“Tentaremos, ainda hoje, entrar em contato com o Redator-chefe e os jornalistas da Komsomolskaia Pravda, para compreender se se trata de uma pessoa real e recebermos os contatos para marcarmos um encontro”, afirmou Markin.
De acordo com ele “toda a informação publicada e exposta por um cidadão da Ucrânia é muito importante para a investigação”, pois o CI da Federação da Rússia abriu um processo crime contra ações militares em Donbass.»