Trabalhadores da Azores Airlines inquietos quanto à privatização da empresa

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O presidente da Comissão de Trabalhadores (CT) da Azores Airlines admitiu nesta quinta-feira, dia 25 de janeiro, que os funcionários da empresa temem pelos seus postos de trabalho na sequência da intenção de privatização de 49% do seu capital social.

“Temos algum receio que esta alienação de capital ponha em causa os postos de trabalho tanto na região como no continente, no Porto e em Lisboa, e que se deixe ao comprador a parte menos popular do trabalho”, declarou à agência Lusa José Morgado.

O sindicalista admite que a privatização de parte do capital da operadora aérea, detido pela Região Autónoma dos Açores, “pode ser a solução dado ao aumento da dívida e a situação atual da empresa”, mas pretende “saber quais os contornos que estão por detrás desta venda”, que já constava do orçamento do Governo dos Açores de 2017.

Segundo o último relatório do Tribunal de Contas, citado pela CT da SATA Air Açores, o passivo do Grupo SATA ronda os 200 milhões de euros.

Para José Morgado, é imperioso apurar “porque se atrasou tanto a elaboração do caderno de encargos e só agora se fala da venda, quando houve tempo para a preparar, podendo coisas já estar em cima da mesa e ser o concurso público aberto”.

O responsável adianta que o Grupo Sata, que passa por uma fase “muito complicada”, “parece estar com alguma dificuldade em se financiar na banca”, salvaguardando que esta pode ser uma vantagem do comprador sobre o vendedor.

 

Trabalhadores querem “prudência e transparência” na alienação do capital

Entretanto, numa carta aberta à secretária regional dos Transportes e Obras Públicas, Ana Cunha, a CT considera que o seu “grande objetivo é requerer a maior prudência e transparência” na alienação do capital, assegurando-se os “superiores interesses da companhia, do povo açoriano e dos trabalhadores”.

“Não é justo nem digno que estes venham a conhecer os contornos da alienação de capital e o seu impacto na organização através dos media e dos inesgotáveis comentários que determinadas notícias suscitam”, consideram os trabalhadores no documento.

Os trabalhadores querem saber se “está acautelado o serviço público, a mobilidade dos açorianos e a manutenção das rotas até aqui conquistadas e, durante vários anos, geradoras de lucros significativos”.

De acordo com a CT é importante apurar que plano de exploração se “exige ao investidor, a curto, médio e longo prazo”, qual o “retorno financeiro expectável e que meios humanos o sustentam, bem como a ação necessária à recuperação da velha e boa imagem da SATA Internacional”.

Questionada sobre a carta enviada pela CT da Azores Airlnes, no âmbito de uma conferência de imprensa que aconteceu nesta quinta-feira, na cidade de Ponta Delgada (ilha de São Miguel), a secretária regional com a tutela da SATA, Ana Cunha, afirmou que “a resposta será dada em audiência a marcar com os signatários da comunicação tornada pública”.

A secretária reafirmou que o formato de procedimento concursal da Azores Airlines “dependerá dos interessados”, sendo ainda prematuro avançar se o Governo dos Açores vai recorrer à figura de concurso público ou outra figura prevista na lei.

O Grupo SATA é formado pela SATA Air Açores, que assegura as ligações aéreas entre as nove ilhas dos Açores, e pela Azores Airlines (ex-SATA Internacional), que faz voos de e para fora do arquipélago.

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