O Conselho de Administração da TAP decidiu voltar a prolongar o período de lay-off dos trabalhadores até final de junho, justificando com as restrições à mobilidade e a operação reduzida prevista para esse mês.
“Tendo em consideração a evolução das restrições à mobilidade das pessoas definida, a cada momento pelas autoridades governamentais dos países onde a TAP opera, e os ténues sinais da procura, a operação planeada para junho permanece muito reduzida. Deste modo, verifica-se que as condições que determinaram o recurso ao programa de lay-off simplificado […] não se alteraram significativamente, pelo que informamos da prorrogação do período de lay-off por um período suplementar de 30 dias”, lê-se na informação enviada pela companhia aérea aos trabalhadores, a que a ‘Lusa’ teve acesso.
A empresa acrescenta que todos os funcionários serão informados individualmente sobre a “modalidade que lhes será aplicada” na prorrogação do lay-off e que “tudo fará para proteger os empregos, a saúde e a segurança da família TAP”, assim como “a recuperação, a sustentabilidade e o futuro da companhia”.
A TAP recorreu, em 2 de abril, ao programa de lay-off simplificado, disponibilizado pelo Governo como uma das medidas de apoio às empresas que sofrem os efeitos da pandemia de covid-19, tendo-o posteriormente prolongado até 31 de maio. Assim, a prorrogação anunciada nesta sexta-feira, dia 22 de maio, é a segunda.
A TAP está numa situação financeira agravada desde o início da crise provocada pela pandemia de covid-19, com a operação paralisada quase na totalidade, sendo debatida uma intervenção do Estado na empresa.
Esta terça-feira, no parlamento, o ministro das Infraestruturas e Habitação disse que o Estado português iria partir para uma negociação sem “excluir nenhum cenário”, inclusivamente “o da própria insolvência da empresa, porque obviamente o Estado não pode estar capturado, algemado numa negociação com privados”.
Pedro Nuno Santos afirmou também que é preciso, em primeiro lugar, clarificar com o acionista privado qual é a sua disponibilidade para acompanhar a intervenção pública, questão à qual, segundo disse o ministro na altura, a TAP ainda não respondeu.
No dia 13 de maio, o secretário de Estado do Tesouro, Álvaro Novo, disse que o Governo espera ter uma decisão sobre a injeção de dinheiro na TAP em meados de junho, esperando que haja uma melhor “fundamentação técnica” do pedido de auxílio da companhia aérea ao Estado até ao final do mês.
O ministro das Finanças, Mário Centeno, defendeu em 12 de maio que uma injeção repartida entre o acionista privado e o Estado seria “a forma mais tranquila de conversar” sobre uma capitalização da TAP.
O primeiro-ministro, António Costa, por seu turno, assegurou no início de maio que só haverá apoio à TAP com “mais controlo e uma relação de poderes adequada”, mas disse que a transportadora aérea continuará a “voar com as cores de Portugal”.
Desde 2016 que o Estado (através da ‘Parpública’) detém 50% da TAP, resultado das negociações do Governo de António Costa com o consórcio Atlantic Gateway (de Humberto Pedrosa e David Neeleman), que ficou com 45% do capital da transportadora. Os restantes 5% da empresa estão nas mãos dos trabalhadores.
Portugal contabiliza 1.289 mortos associados à covid-19 em 30.200 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.
TAP deve receber injeção de capital na ordem dos mil milhões de euros
Entretanto a imprensa nacional desta sexta-feira diz que a TAP SGPS necessita de uma injeção de capital avaliada em mil milhões de euros. O dinheiro deverá ser injetado seguindo um modelo semelhante ao aplicado noutros países europeus que já foram em auxílio das suas companhias aéreas: um rácio entre o número de aviões e o número de passageiros transportados em 2019.
Ainda não há um valor acordado em relação à injeção de capital que a TAP vai receber, mas fonte próxima das negociações disse à Rádio TSF que o valor deve rondar os mil milhões de euros.
A TAP Air Portugal tem uma frota de 105 aviões e transportou o ano passado 17,1 milhões de passageiros. Os dois lados da negociação apontam para um valor que ronda os mil milhões de euros, podendo até ser ligeiramente superior.
O Estado e os acionistas privados da TAP estiveram reunidos nas últimas duas semanas para encontrar uma solução para a transportadora aérea portuguesa, que está parada há cerca de dois meses devido à pandemia da Covid-19. Esta semana, decorreram novas reuniões entre o Estado e a Comissão Executiva da TAP.