Três B757 da CV Airlines estão parados num centro de manutenção dos EUA

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A Cabo Verde Airlines (CVA) esclareceu nesta quinta-feira, dia 2 de julho, que deslocou para manutenção, em Miami, os três Boeing com que operava até à suspensão de voos internacionais para o arquipélago, após notícias que davam conta da retenção das aeronaves no exterior.

Uma nota da companhia aérea de bandeira da República de Cabo Verde, que está totalmente parada desde 19 de março devido à pandemia de covid-19, refere que os aviões foram deslocados para um centro de manutenção em Opa Locka, Miami, nos Estados Unidos da América (EUA).

“Esta é uma prática comum por parte das companhias aéreas quando as aeronaves não estão a ser utilizadas. Neste centro os aviões receberão o cuidado necessário até que seja possível retomar as nossas operações”, esclareceu a nota, horas depois de notícias veiculadas em Cabo Verde, dando conta da alegada retenção das aeronaves nos EUA.

O Governo cabo-verdiano suspendeu em 19 de março todas as ligações aéreas internacionais, para conter a transmissão da covid-19, as quais só deverão ser retomadas em agosto, pelo que a companhia está parada há mais de três meses e meio.

“O clima e condições atmosféricas (humidade, sol e partículas de sal suspensas) de Cabo Verde são prejudiciais aos aviões quando estes estão parados, por isso tomámos as medidas necessárias para a sua manutenção e cuidado. Esta decisão é a oportunidade perfeita e que tanto aguardávamos para instalar os equipamentos de entretenimento a bordo e conectores USB para que os nossos passageiros possam desfrutar quando voltarmos a voar”, acrescentou a companhia.

O vice-primeiro-ministro de Cabo Verde, Olavo Correia, afirmou hoje que o Governo está a tentar num “processo negocial” para viabilizar a CVA, liderada por investidores islandeses desde março de 2019.

Numa mensagem divulgada ao início da tarde, Olavo Correia, que é também ministro das Finanças, assegura que a CVA, privatizada em 51% em março de 2019, é uma “empresa nacional” com “grande impacto na economia cabo-verdiana”.

“Nós estamos a fazer tudo para criarmos um novo contexto para que a empresa continue a operar, pelo que não faz sentido nós estarmos a criar notícias que visam apenas danificar a imagem da empresa e danificar a imagem de Cabo Verde”, afirmou o governante.

Antes da crise provocada pela pandemia de covid-19, a administração da CVA já tinha apontado que companhia necessitava com urgência de um empréstimo de longo prazo para garantir a sua operacionalidade.

“A CVA, como todas as empresas do mundo que estão no setor da aviação, estão em dificuldades e com dificuldades, não só agora, mas também em relação ao futuro. Pelo que, há um grande comprometimento do Governo de Cabo Verde para, juntamente com o parceiro estratégico, possamos encontrar uma solução para a transportadora de bandeira nacional”, defendeu.

Em março de 2019, o Estado de Cabo Verde vendeu 51% da então empresa pública TACV por 1,3 milhões de euros à Lofleidir Cabo Verde, uma empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF (grupo Icelandair, que ficou com 36% da CVA) e em 30% por empresários islandeses com experiência no setor da aviação (que assumiram os restantes 15% da quota de 51% privatizada).

“Estamos comprometidos e engajados em viabilizar esta solução”, acrescentou, Olavo Correia na mensagem divulgada nesta quinta-feira, em Cabo Verde, garantindo que é necessário “encontrar um caminho comum, defendendo as posições das partes” até chegar “a um compromisso”.

“O que é o mais normal e habitual num processo negocial, em qualquer parte do mundo”, sustentou, depois de anteriormente já ter afastado um cenário de nacionalização da companhia.

O Governo cabo-verdiano concluiu este ano a venda de 10% das ações da CVA a trabalhadores e emigrantes, mas os 39% restantes, que deveriam ser alienados em bolsa, a investidores privados, vão para já ficar no domínio do Estado, decisão anunciada pelo executivo devido à situação da companhia, afetada pela pandemia.

A CVA transportou quase 345 mil passageiros no primeiro ano após a privatização (1 de março de 2019 a 28 de fevereiro de 2020) de 51% da companhia, um aumento de 136% face ao período anterior, segundo dados fornecidos em maio à Lusa pela empresa.

Cabo Verde regista um acumulado de 1.301 casos de covid-19 desde 19 de março, com 15 óbitos, mas 629 já foram dados como recuperados.

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