O Aeroporto da Madeira – Cristiano Ronaldo está a viver neste domingo, dia 6 de agosto, uma situação complicada, já que os ventos fortes, que já se fazem sentir desde o sábado, não permitiram a chegada ou partida de qualquer avião, além do que faz as ligações entre as duas ilhas do arquipélago, que apanhou uma “aberta de tempo” e conseguiu fazer a viagem de 15 minutos entre as duas ilhas.
Até às 18h30, segundo a ANA – Aeroportos de Portugal, empresa concessionária do aeroporto, “o ponto da situação são dois voos atrasados e 56 cancelados, entre aterragens e descolagens”, uma situação que está a afetar, para já, cerca de 5.500 passageiros, esclarece a mesma fonte.
O avião Jetstream 32 da Aero Vip (Grupo SevenAir), com capacidade para 19 passageiros, que assegura as ligações entre as ilhas do Porto Santo e da Madeira, foi o único a operar, ao fim da tarde.
Segundo a informação disponível no site da ANA, foram canceladas 23 aterragens e 24 descolagens e apenas dois voos partiram do Aeroporto da Madeira, um com destino ao Porto, às 07h21, e outro para Lisboa, às 07h32. Os dois tinham pernoitado na ilha.
Durante o dia, segundo fonte aeroportuária divergiram para Porto Santo seis aviões, cinco dos quais ainda permanecem nessa ilha. Um avião da Monarch, oriundo de Londres/Gatwick, acabou por ir para Las Palmas, nas Ilhas Canárias. O grande problema acrescido ao dos ventos na ilha da Madeira, é de que a ilha do Porto Santo, procurada essencialmente durante o Verão por numerosos turistas, não tem capacidade hoteleira para acolher eventuais passageiros que pretendam pernoitar nessa ilha, à espera de melhores condições meteorológicas.
No sábado já tinham sido cancelados cerca de 20 voos, oriundos de aeroportos nacionais e outros europeus, além de outros aviões que tiveram de divergir para outros aeroportos e aguardar melhores condições de tempo.
Na quinta-feira passada, dia 3, a ANA alertou os passageiros para as condições meteorológicas adversas entre sábado e terça-feira, que podem provocar constrangimentos nas operações no aeroporto madeirense. Infelizmente está a acontecer. E poderá ser ainda pior, se na segunda-feira, dia 7, se a força do vento continuar da mesma forma. Trata-se do dia de semana em que o Aeroporto da Madeira tem mais movimento, o que irá continuar a acumular atrasos de voos e paralisação de tráfego.
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera colocou a parte sul da ilha da Madeira sob aviso amarelo, devido à previsão de temperaturas elevadas e vento forte, com rajadas que podem atingir os 80 quilómetros no extremo leste da ilha.
Grupo de trabalho estudará limites de vento no Aeroporto da Madeira
O Aeroporto da Madeira é o principal da Região Autónoma da Madeira, território português situado no Oceano Atlântico, e composta pelas ilhas da Madeira e do Porto Santo, distantes entre si cerca de 40 quilómetros. O aeroporto certificado para a aterragem de aviões comerciais de todo o tipo, à exceção do Airbus A380, sofre, por diversas vezes, os efeitos de ventos fortes e cruzados sobre a sua pista de aterragem, devido a estar construído numa zona litoral dominada por uma montanha. As suas caraterísticas especiais implicam que as companhias aéreas comerciais sejam obrigadas a ter comandantes com certificação especial neste aeroporto, o que pode ser obtida em simulador, e após várias aterragens na ilha, no lugar de co-piloto da aeronave.
Algumas companhias e pilotos queixam-se que os limites de vento que definem a operacionalidade do aeroporto podem ser aumentados, pois continuam os mesmos de quando a pista tinha 1.600 metros de extensão (hoje tem 2.780 metros ). Esta uma das razões que leva muitos comandantes evitem aterrar na Madeira em dias de mais vento, pois a torre de controlo é obrigada a reportar à autoridade aeronáutica nacional caso esses limites sejam ultrapassados no momento do pouso da aeronave.
A ocorrência de ventos fortes e cruzados tem sido mais frequentes nos últimos três anos. Na próxima quinta-feira, dia 10 de agosto, em Lisboa, terá lugar uma primeira reunião de trabalho, convocada pela ANAC (Autoridade Nacional de Aviação Civil), de um grupo multidisciplinar, que junta técnicos de diversas entidades e que irá, precisamente, debruçar-se sobre as últimas ocorrências meteorológicas na zona do Aeroporto da Madeira e se pronunciará, em final de trabalho, sobre um levantamento ou não dos limites de vento permitidos para uma aterragem segura na ilha da Madeira.