O proprietário da companhia aérea leste-timorense Aero Díli disse nesta semana que espera que o voo inaugural do primeiro avião de bandeira da República Democrática de Timor-Leste possa realizar-se no final de fevereiro, com rotas para pelo menos três países próximos.
“Estamos nos preparativos finais e no processo final de certificação e de preparação do avião. A viagem inaugural será entre Díli e Bali, esperamos no final de fevereiro”, disse Lourenço de Oliveira em declarações ao delegado da agência de notícias portuguesa ‘Lusa’.
O responsável falava à margem da cerimónia de apresentação oficial do projeto que representa um investimento de 10 milhões de dólares (9,5 milhões de euros) e que verá o primeiro avião com as cores do país, um Airbus A320, a operar em rotas internacionais.
Intervindo na mesma cerimónia, que teve lugar na passada segunda-feira, dia 23 de janeiro, o primeiro-ministro timorense, Taur Matan Ruak, saudou a “coragem e determinação” da equipa por trás do projeto, manifestando-se otimista que possa contribuir para reduzir os preços das viagens aéreas de e para Timor-Leste.
Taur Matan Ruak recordou os primeiros esforços da Aero Dili, com a compra de um Cessna para operar em Timor-Leste e a coragem da empresa continuar apesar de um pequeno acidente, sem vítimas, com o aparelho em 2019.
Lourenço de Oliveira recordou que a empresa tem vindo a operar vários voos charter, numa iniciativa que começou durante o período da pandemia e se tem vindo a alargar, e que o objetivo é progressivamente ampliar as rotas disponíveis.
Numa primeira fase, disse, haverá voos diários numa rota, semanais noutra e duas vezes por mês numa terceira, sem avançar detalhes.
A cerimónia serviu igualmente para apresentar a equipa da Aero Dili que inclui pilotos, técnicos e equipas a bordo e em terra, com extensa experiência e oriundos de vários países, incluindo Timor-Leste.
Lourenço Oliveira disse que o objetivo da empresa é igualmente avançar num programa progressivo de formação de quadros locais.
O avião será operado em regime de leasing, já com um pagamento inicial de garantia para dois anos e em que empresa aposta na oferta de preços mais competitivos do que os atuais.
Dono de dois casinos em Díli e com investimentos em aquacultura e agricultura, entre outros, Lourenço de Oliveira tem no último ano operado parte das ligações aéreas entre Díli e Bali, na Indonésia, utilizando um modelo de charter com aviões das empresas Air Asia e Sriwijaya Air.
O sonho de ter um avião de bandeira timorense começou há cerca de seis anos quando Lourenço de Oliveira decidiu ele próprio tirar o curso de piloto, comprando depois três aviões ligeiros para viagens domésticas em Timor-Leste.
“Negociei com várias empresas de leasing. Os dois primeiros contratos acabaram por não poder avançar porque as empresas apontaram as fraquezas do nosso sistema de aviação e do quadro legislativo”, referiu Lourenço de Oliveira.
Finalmente chegou a acordo com a ‘Dubai Aerospace Enterprise’, uma das maiores empresas de leasing de aviões do mundo, que enviou equipas a Timor-Leste para fazer toda a avaliação do projeto.
O Airbus A320 tem capacidade para 180 passageiros, que na configuração da Aero Díli foi reduzida para 165 lugares, “para as pessoas irem mais cómodas”, disse o promotor da companhia aérea.
Nos últimos anos Timor-Leste tem procurado celebrar acordos de serviços aéreos com vários países sendo que, até ao momento, o único ratificado e em vigor é com a Austrália.
Voos para outros países, como a Indonésia, Singapura ou Malásia, têm sido operados apenas em sistema de charter.
- Texto distribuído pela agência ‘Lusa’ no Taurdia 23 de janeiro de 2023.