A 13 de Abril de 2014 fez-se o último voo comercial de passageiros de um A300 Europeu. O A300-600R G-OJMR da companhia inglesa Monarch operou o voo ZB300 de London Gatwick para Birmingham, só para entusiastas cujo bilhete custou 74 libras.
O meu primeiro voo em A300 foi com a Lufthansa, de Frankfurt para Zurich-Klöten dez anos antes. Voei no A300-605 D-AIAR, atualmente voar na Mahan Air do Irão como EP-MNT, país onde voa a esmagadora maioria dos A300 remanescentes a transportar passageiros. Pela Europa ainda apareciam os da Iran Air e da Kuwait Airways. As outras companhias que transportavam passageiros no mundo em A300 eram a Thai Airways, as iranianas Qeshm Air e Saha Airlines, a Air Hong Kong, a China Eastern, a Tunisair, a Sudan Airways, a RUS Aviation, a libanesa TMA, a Ariana Afghan, e algumas mais, num total de 60 unidades aproximadamente à altura.
O G-OJMR, número de construção 605 foi entregue 03/05/1991 à Monarch, que tinha recebido o anterior dias antes, perfazendo a frota de quatro que operou.
Dias antes do voo recebemos um e-mail da Monarch que anunciava, caso o tempo permitisse, iríamos a Manchester fazer um low pass a 1000 pés, antes de ir para Birmingham (BHX).
No embarque vimos algumas caras conhecidas da despedida que foi feita ao DC-10 em Fevereiro do mesmo ano, além de que já se tinha montado um grupo no facebook para troca de contactos previamente.
Apesar de estar parqueado numa manga, embarcámos a pé, podendo tirar fotografias à volta do avião com bastante liberdade.
Os nossos lugares eram o 38D e 38E, na zona central. O avião estava configurado para 352 pax, em cabine 3-3-3 em vez do normal 2-4-2.Apesar da idade tinha um aspeto novo e agradável.
Depois do pushback tivemos uma homenagem feita pelos bombeiros, com os canhões de água. Mais impressionante visto do exterior do que de dentro, foi o que aprendemos.
A bordo serviram champanhe, passou o Comandante Martin Pound a distribuir certificados autografados do último voo. Também fazia o último voo da sua carreira, era o chefe de pilotos da Monarch, ao serviço há 36 anos, 24 dos quais a voar A300. O comandante Stewart passou no outro corredor a distribuir safety cards (novos), e as assistentes de bordo também ajudaram a manter a boa disposição.
O melhor de tudo foi terem sorteado duas viagens à escolha na Monarch, anunciou um tripulante o lugares que teria direito a duas viagens grátis.
Calhou-nos (entre 350 a bordo)…a nós!!
A low pass a Manchester, após alguma dúvida em relação ao tempo, sempre se confirmou. Foi sentida (motores) mas pouco percetível do interior, ainda mais para quem estava no meio.
Ao sair do avião tivemos uns quinze minutos para tirar fotografias à volta ao avião, dentro de um perímetro alargado de segurança. É sempre bom poder ver um Motor como o General Electric CF6 de perto.
Fomos beber uma pint com o Dave, Mick, Shirley e mais um grande entusiasta no pub Wetherspoons da aerogare…que encerrou de vez nessa tarde ao fim de mais de uma década aberto! Tinham voado uma vez no Concorde, uma promoção desesperada da Disneyland Paris que apanharam num jornal londrino.
Muito boa organização da Monarch, uma festa memorável, com bom gosto e um dos raros voos que toda a gente aplaude os atrasos. O G-OJMR ainda voltaria ao ar mais uma vez, em após manutenção nos hangares da Monarch, com destino a Lourdes/Tarbes. Não foi em peregrinação, mas para uma – sempre triste – reciclagem, não sendo comercialmente viável a sua conversão para cargueiro. Com o bilhete de prémio marcámos um Madeira-Gatwick, podendo assistir às comemorações do Remembrance Day e ver Eurofighters a passar sobre o Thames.
Muito bacana a experiência! Sonho em buscar um novo na fábrica ou devolver um antigo. Quem sabe um dia?