O Departamento de Transportes da Administração Federal dos Estados Unidos da América (EUA), organismo equiparado a ministério, atendendo à nomenclatura governamental de outros países, ordenou na terça-feira, dia 19 de março, uma detalhada auditoria aos serviços da FAA (Federal Aviation Administration), entidade nacional e reguladora da aviação civil, sobre o processo de certificação avião Boeing 737 MAX 8.
A atitude das autoridades federais norte-americanas surge após dois desastres com aviões desse modelo, e numa ocasião em que se apontam culpas à construtora norte-americana.
A imprensa norte-americana revelou ao longo desta semana algumas histórias, não confirmadas pela Boeing ou pela FAA, de que logo após o desastre de outubro passado, com um avião da Lion Air, na Malásia, o processo de certificação do modelo estava a ser revisto. Uma questão que nunca chegou a ser pública, já que os técnicos envolvidos estavam obrigados a guardar segredo profissional. Além do mais temiam represálias, se algum comentário sobre a questão viesse a público.
O jornal ‘Seattle Times’, que se publica na cidade onde está a maior fábrica da Boeing, e sempre bem informado sobre o que se passa na maior fábrica aeroespacial do mundo, tem levantado um pouco o véu sobre eventuais maus procedimentos que implicam os responsáveis pela FAA. E escreveu, concretamente, que quem certifica os novos aviões são os técnicos da Boeing. A acusação obrigou o presidente executivo da fábrica norte-americana, Dennis Muilenburg, como é seu dever, a defender o trabalho da FAA, no rigor como despacha os processos de certificação tipo das novas aeronaves. Mas isso não convenceu o Departamento de Transportes, em Washington.
Noutros jornais dos EUA, publicados nos primeiros dias desta semana, tem-se lido que o software de controlo dos novos aviões, que se julga ser o problema que causou a queda das duas aeronaves, foram certificados pela Boeing e não pela FAA. Uma certificação delegada, já que a FAA admitiu não ter pessoal técnico especializado para esse trabalho.