A South African Airways (SAA) está ‘ligada a um ventilador’. Poderá ser a última oportunidade que a companhia tem para sobreviver, avisam alguns analistas de mercado na África Austral. O Governo sul-africano anunciou nesta quinta-feira, dia 5 de dezembro, uma “ajuda financeira” de mais de cem milhões de euros à companhia aérea nacional, que entrou em colapso na sequência de uma crise económico-financeira grave que se tem acentuado nos últimos meses e que se agravou drasticamente com a greve no mês passado que obrigou ao cancelamento de centenas de voos.
“Este é o mecanismo ideal para restaurar a confiança na empresa, salvaguardar os seus ativos bons e ajudar a reestruturá-la e reposicioná-la para ser mais forte, mais sustentável e capaz de crescer e atrair parceiros de capital privado”, salientou em comunicado o ministro das Empresas Públicas, Pravin Gordhan.
O Governo ainda dará à SAA um montante adicional de 2 mil milhões de rands (cerca de 123 milhões de euros) para ajudar a manter a companhia aérea operacional, e aos credores atuais um montante igual.
“Deve ficar claro que este não é um resgate”, disse Gordhan, acrescentando que se trata de uma “prestação de assistência financeira para facilitar uma reestruturação radical da companhia de aviação”.
Esta decisão surge na sequência de uma carta divulgada na quarta-feira, dia 4 de dezembro, em que o Presidente da República da África do Sul, Cyril Ramaphosa, ordenado à SAA, que se coloque sob resgate voluntário de empresas.
A recuperação da companhia aérea será conduzida por um profissional independente, fora do Governo, que será responsável pela sua reestruturação, evitando perdas de postos de trabalho e até alcançando melhores retornos para os credores.
“Este conjunto de ações deve dar confiança aos clientes da SAA para que continuem a usar a companhia aérea, pois não haverá paragens ou cancelamentos de voos não planeadas e sem a devida notificação, se necessário”, concluiu Gordhan.
Em 22 de novembro último, a SAA pôs termo a uma greve de oito dias contra o eventual despedimento de quase um quinto dos efetivos totais, cerca de 900 trabalhadores, e aceitou um aumento salarial de 5,9% para os seus colaboradores com efeitos retroativos a abril.
A companhia aérea – tal como outras grandes empresas públicas sul-africanas, como a elétrica Eskom, fortemente endividadas – não têm tido lucros há mais de uma década, obrigando o Estado a injetar dinheiro regularmente.