A Air Berlin anunciou nesta terça-feira, dia 15 de agosto, ter solicitado a abertura de um processo de insolvência depois da decisão do seu acionista maioritário Etihad Airways de não continuar a prestar apoio financeiro. A solicitação foi apresentada e deferida pelo tribunal de comércio de Berlim-Charlottenburg, onde a companhia tem a sua sede administrativa.
“O Governo, a Lufthansa e outros parceiros apoiam a Air Berlin nos seus esforços de reestruturação” e os seus aviões vão continuar a voar, indicou a companhia em comunicado.
A Lufthansa, grupo aéreo europeu com sede na Alemanha, indicou em comunicado, estar em negociações com a Air Berlin para o resgate das atividades da empresa em dificuldades, que permitirá contratar pessoal. No entanto, a imprensa alemã refere que há uma segunda companhia interessada que poderá disputar nos próximos três meses, o direito de ficar com a Air Berlin.
Empréstimo governamental aguentará a companhia mais três meses
O Governo alemão avalisou um empréstimo de 150 milhões de euros com o objetivo de evitar que os aviões da Air Berlin fiquem em terra, numa altura em que vários Estados regionais alemães atravessam o período de férias escolares, confirmou a ministra alemã da Economia, Brigitte Zypries, em conferência de imprensa.
“Nestas circunstâncias, trabalhamos sem descanso para obter o melhor para a empresa, para os clientes e para os empregados”, afirmou em comunicado Thomas Winkelmann, presidente da Air Berlin, que esclareceu que a companhia continua a trabalhar normalmente, com todos os departamentos a funcionar, sem alteração de rotas ou voos, e mantendo a sua integração na aliança aérea comercial ‘Oneworld’, onde é parceira de outras grandes companhias aéreas, nomeadamente a British Airways, a American Airlines e a Iberia. O empréstimo garantirá a atividade da companhia por mais três meses, disse Winkelmann.
O sindicato ver.di referiu-se a “duro golpe” e disse que a prioridade a partir deste momento é “salvar os empregos”.
Desde 2008 que as contas anuais da companhia aérea têm fechado quase sempre no ‘vermelho’, à exceção de 2012, ano de lucros ligeiros.
A situação agravou-se recentemente, endividada em mais de mil milhões de euros, sofreu em 2016 uma perda histórica de 782 milhões de euros, mais de dois milhões de euros por dia.
Ao longo dos últimos meses a companhia acumula atrasos e cancelamentos de voos, sobretudo por problemas com a empresa de ‘handling’ (assistência em terra), que afeta a imagem e as finanças da Air Berlin.
A meio de junho, a empresa tinha estimado, no entanto, ter liquidez suficiente e sublinhava que não antevia a bancarrota.
Etihad Airways diz que não investe mais na Air Berlin
A situação complicou-se ainda mais quando a Etihad Airways, destacado grupo aéreo dos Emirados Árabes Unidos, que detém 29,2% do capital da companhia alemão, e era o seu sócio financeiro, disse no mês passado que deixaria de meter dinheiro na empresa, depois de em abril deste ano ter colocado mais 250 milhões de euros à disposição dos seus parceiros alemães.
A Etihad justificou que a situação financeira da Air Berlin “se deteriorou a um ritmo sem precedentes, o que impediu superar os importantes desafios a que se proponha e implementar soluções estratégicas alternativas”. “Perante estas circunstâncias, como sócio maioritário, a Etihad não pode oferecer financiamento que incrementará ainda mais a nossa exposição financeira”, refere o comunicado do grupo árabe, com sede no Abu Dhabi, que se mostra ainda disponível para ajudar a encontrar uma solução comercialmente viável para todas as partes”.
A Air Berlin tinha anunciou há poucos dias que em julho passado transportou nos seus aviões 2.441.107 passageiros. No total dos sete primeiros meses de 2017 a Air Berlin já transportou quase 14 milhões de passageiros.
A companhia alemã, que também é dona da companhia austríaca FlyNIKI, foi fundada em 1978 e tem base no Aeroporto de Berlim-Tegel. A sua frota é constituída por 91 aviões Airbus A320 e A330. Voa para 54 destinos realizando 362 voos diários.