Os acionistas da Air Italy decidiram liquidar a empresa e encerrar as operações no próximo dia 25 de fevereiro, anunciou nesta terça-feira, dia 11, a empresa aérea, que tem sede na cidade italiana de Milão.
Entre o acionistas da empresa encontra-se a Qatar Airways, empresa com sede no Qatar, país árabe do Golfo Pérsico, que detém 49% das ações. Um comunicado da empresa indica que todos os passageiros que têm viagens marcadas para depois da data de encerramento serão reembolsados das quantias já pagas, mantendo-se as operações normais até ao dia de fecho da empresa.
Entretanto, a Qatar Airways distribuiu um comunicado em que esclarece a sua posição neste processo, e que, de alguma forma, mostra que o encerramento da empresa não foi consensual. Diz que fez tudo o que estava ao seu alcance para manter a operacionalidade da empresa, e para contribuir para o crescimento da companhia aérea italiana. Contudo, observa, isso só seria possível com o empenho de todos os parceiros.
A companhia do Qatar acentua que as dificuldades encontradas nos últimos anos em todo o mercado da aviação comercial e os diversos impactos que condições externas tiveram no sector em nada têm ajudado a indústria, contribuindo para o aparecimento de inúmeras situações de crise financeira e económica das empresas, com destaque para a falência do operador turístico e aéreo Thomas Cook, no Reino Unido, aponta a Qatar Airways.
A Air Italy foi criada a 19 de fevereiro de 2018 e tinha sede na ilha da Sardenha. Sucedeu à antiga companhia Meridiana, e era controlada em 51% pela Alisarda, empresa que fundara a Meridiana. A Qatar Airways estava por detrás de toda a sua operação, nomeadamente a gestão de frota. A companhia italiana funcionava até há poucos meses com alguns Boeing 737 NG herdados da Meridiana e cinco Airbus A330-200 que tinham sido transferidos da frota da Qatar Airways há dois anos.
Os planos de desenvolvimento da empresa passavam pela entrada de 50 aviões novos na frota, tendo recebido a 12 de maio de 2018 o primeiro Boeing 737 MAX 8, de uma primeira encomenda de 20 aviões deste modelo feita à fábrica norte-americana, com o suporte da companhia árabe. Seriam recebidos também alguns Boeing 787-9 Dreamliner para os voos de longo curso (LINK notícia relacionada).
Analistas italianos acreditam que houve desentendimento entre os acionistas quanto a uma estratégia de futuro da empresa, mas apontam que o insucesso da Air Italy se deve também à crise dos novos B737 MAX, parados desde março de 2019, por motivos por demais conhecidos.
A Air Italy é a segunda companhia aérea comercial que encerra neste ano. A primeira foi a Ernest Airlines, também de bandeira italiana, mandada encerrar a 13 de janeiro passado, pela ENAC, entidade reguladora da aviação civil em Itália, por não conseguir cumprir com os seus compromissos, igualmente por questões financeiras (LINK notícia relacionada).