Airbus e Bombardier juntam-se para fazer crescer programa CSeries

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Airbus e Bombardier anunciaram nesta terça-feira, dia 17 de outubro, em Toulouse (França), que a construtora aeronáutica europeia adquiriu 50,01 por cento do capital da ‘C Series Aircraft Limited Partnership’ (CSALP), empresa que é responsável pela unidade de negócio do programa ‘C Series’, o novo avião a jato regional lançado pela construtora canadiana em 2015.

Através deste acordo, que chegou ao mercado aeronáutico de forma surpreendente, se bem que no passado as duas construtoras tenham estabelecido contatos para uma eventual parceria, nunca antes concluída, a Airbus vai passar a construir na sua linha de montagem norte-americana, em Mobile, no Estado do Alabama, os novos aviões de passageiros Bombardier CSeries 100 e 300, nomeadamente os que se destinam a companhias norte-americanas.

A pressa ou, pelo menos, a forma repentina como esta negociação foi concluída, tem muito a ver com recentes movimentações do governo dos EUA que exigiam à Delta Air Lines o pagamento de um valor três vezes igual ao preço dos novos aviões CSeries encomendados, devido a ser uma importação do Canadá e porque a Administração Trump considera que a Bombardier recebe subsídios do Governo federal do Canadá e provincial do Quebeque, onde está instalada a fábrica da construtora.

Ao transferir a montagem para os Estados Unidos os aviões da Bombardier chegam ao mercado nas mesmas condições dos que são fabricados pela Boeing, que se pode considerar a perdedora neste processo, já que terá espoletado a decisão de Washington de exigir taxas tão altas, como também não irá ganhar mercado nesse segmento.

Aliás o segmento de aviões comerciais para transporte de passageiros, entre 100 e 130 assentos, está nas mãos da Bombardier e da Embraer, construtoras que, ultimamente têm sido ameaçadas pelos novos projetos de aviões regionais a Oriente, nomeadamente na Rússia, China e Japão. O mais temível será o apresentado já pela China, país que pretende unir-se à Rússia, quer na construção de aviões, como de motores, que possam, não só assegurar as ligações de médio curso, como também as mais distantes com um aparelho que pretende competir no mercado com os A330/A350 e com o B787. A previsão para os próximos 20 anos é de que o mercado irá necessitar de cerca de 6.000 aviões na gama dos 100 a 150 lugares.

Mas não só a Boeing estará preocupada com este casamento da Airbus com a Bombardier. A Embraer poderá ser a grande perdedora a longo prazo, já que a associação euro-canadiana, está focada num produto que é concorrente direto com toda a gama de aviões regionais da construtora brasileira, considerada a terceira maior fábrica de aviões comerciais no mundo.

Toda a imprensa do Canadá e diversos comentadores e especialistas que se debruçam sobre questões económicas na América do Norte comentam que este foi um grande negócio e que representa a salvação da divisão de Aviação Comercial da Bombardier, onde trabalham 28.500 pessoas.

A grande aceitação do CSeries, um programa que já entregou 15 aviões às companhias Swiss Air Lines e Air Baltic, com satisfação total, de entre 360 encomendas, forçou o interesse e o acordo da Airbus que fez o “negócio do século” na aviação comercial, segundo as palavras do presidente executivo da construtora europeia, Tom Enders. A Airbus, sem pagar um cêntimo vai gerir o programa e se responsabilizar pelas vendas, utilizando a sua indiscutível força no mercado, e se dedicar apenas ao fabrico de aeronaves de médio e longo curso. Os aviões de menos de 170-200 passageiros já não estarão no seu catálogo. A versão A319 da gama A320 desaparece para sempre e o CSeries é um excelente avião que mereceu a confiança e ganhou o respeito dos responsáveis da Airbus.

 

 

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