A anunciada greve dos trabalhadores das empresas de handling e serviços de assistência a passageiros e aeronaves promete afetar de forma bastante expressiva o movimento nos aeroportos portugueses nos próximos dias 1, 2 e 3 de julho.
A menos de 12 horas do início da paralisação nacional há apenas a garantia dos voos que foram fixados pelo Tribunal Arbitral no âmbito do Conselho Económico Social, cuja decisão pode ser vista através deste LINK.
A greve, segundo comunicado distribuído pelo SITAVA (Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e dos Aeroportos), foi decretada “em defesa dos postos de trabalho e pela sobrevivência das empresas do sector”. Os trabalhadores do handling exigem a anulação do despacho que prevê a criação do terceiro operador de bagagens no aeroporto de Lisboa, um Contrato Colectivo de Trabalho transversal ao sector e a regulamentação do sector, refere o documento.
Fontes da aviação civil em Portugal, nomeadamente aeroportos e companhias aéreas e operadores turísticos, mostram grande preocupação face a esta greve que poderá ser das mais prejudiciais dos últimos anos, tendo em conta que se desenvolve num dos períodos de maior movimento de transporte de passageiros, nomeadamente nos principais aeroportos. Os primeiros dias de Julho são tradicionalmente de grande movimentação, sobretudo de pessoas em férias, no dois sentidos.
A ANA Aeroportos de Portugal, empresa concessionária dos aeroportos nacionais, distribuiu esta manhã uma nota em que alerta os passageiros para a paralisação: “Uma vez que é esperado um impacto significativo nos aeroportos nacionais, apelamos a todos os passageiros, que têm viagem agendada durante o referido período, para que contactem as suas companhias e/ou agências de viagem para conhecerem o estado do seu voo, que se desloquem para o Aeroporto com a antecedência adequada a esta necessidade de contexto, sugerindo também que procurem realizar o check-in eletrónico e transportem preferencialmente bagagem de mão”.
Alerta ainda os passageiros que pretendam utilizar o serviço de apoio a Passageiros de Mobilidade Reduzida, que têm que requisitar o serviço com antecedência reforçada.
Também a TAP Portugal, principal companhia aérea portuguesa manifesta a sua impotência perante esta greve que poderá trazer prejuízos graves para a empresa.
“Esta greve, a concretizar-se, e considerando tratar-se de um período de inicio de férias e de grande importância para o turismo nacional, poderá afetar significativamente a operação da TAP, estando a companhia a avaliar as consequências possíveis para os seus passageiros”, refere um comunicado da empresa aérea distribuído através das redes sociais.
Nas próximas horas, e na posse de todos os elementos que lhe permitam tomar decisões quanto à sua operação, a companhia prestará novas informações.
Contestação na Região Autónoma da Madeira
A Secretaria Regional da Economia, Turismo e Cultura da Madeira reiterou, nesta quinta-feira, dia 30 de junho, a sua posição junto do Ministério do Planeamento e das Infraestruturas, da Secretaria de Estado das Infraestruturas, do Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos – SITAVA e do Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes da Área Metropolitana do Porto – STTAMP, relativamente à greve prevista, a partir de amanhã e nos próximos três dias, nas ligações aéreas de e para a Região.
Manifestando a sua profunda apreensão com esta paralisação, o secretário regional da tutela, Eduardo Jesus, insiste e alerta para o encontro de uma solução que, efetivamente, impeça a sua concretização, a bem do interesse comum e da imagem desta Região e de um país que precisa, mais do que nunca, de impulsionar e incrementar a sua economia.
Nas missivas enviadas, o governante considera que o aviso prévio de greve subscrito, quer pelo Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (SITAVA), quer pelo Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes da Área Metropolitana do Porto (STTAMP), na empresa SPdH – Serviços Portugueses de Handling, S.A., para os dias 1, 2 e 3 julho, «acaba por ser duplamente penalizador face aos constrangimentos que se colocam», por um lado aos residentes, por outro, aos que nos visitam.
Isto porque, segundo fez questão de sublinhar, «esta greve deixa antever graves prejuízos sociais e económicos, numa altura em que esta ilha é fortemente procurada pelos seus visitantes e em que muitos madeirenses iniciam as suas férias no exterior, tendo por base, precisamente, estas ligações ora limitadas».
Admitindo a consagração dos serviços mínimos, Eduardo Jesus reitera que «esta decisão foi manifestamente insuficiente para fazer face à procura, comparativamente ao que seria o movimento regular de voos e passageiros, no Aeroporto da Madeira, durante este período». Em causa, «está a garantia da realização de três voos diários de ida e volta (Lisboa-Madeira-Lisboa, Porto-Madeira-Porto e Ponta Delgada-Madeira-Ponta Delgada) para o Aeroporto da Madeira, dos 40 que estavam programados, sendo que existe o compromisso de um voo diário entre Lisboa e a ilha dp Porto Santo, uma oferta que é claramente exígua face às reais necessidades desta Região, nas datas a que se refere esta paralisação».
O secretário regional conclui lamentando que, mais uma vez, a Madeira esteja a ser prejudicada no seu bom nome, enquanto destino turístico, e na sua acessibilidade ao exterior.