O primeiro-ministro português afirmou que o novo avião militar de transporte logístico KC-390, produzido pela construtora brasileira Embraer, é o “símbolo” do que deve ser a cooperação bilateral futura entre Portugal e Brasil, assente na engenharia e na indústria mais avançada.
António Costa falava aos jornalistas, no domingo, dia 11 de junho, antes de viajar entre as cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro num dos dois protótipos do novo avião militar que deverá ser adquirido pela Força Aérea Portuguesa e no qual a indústria aeronáutica de Portugal participou, em cooperação com o Brasil, a Argentina e a República Checa.
De acordo com estimativas do Executivo português, se este modelo da Embraer só vender 120 aviões nos próximos 20 anos – isto numa perspetiva muito pessimista -, mesmo assim o retorno financeiro para as empresas nacionais de Évora e de Alverca, que criaram e produzem componentes para o novo aparelho seria na ordem de 720 milhões euros.
“Este projeto do KC-390 é simbólico do que devem ser as nossas relações futuras entre Portugal e o Brasil, não apenas assentes na língua e na saudade, mas também na ambição e na capacidade das nossas engenharias e tecnologias serem capazes de fazer algo novo”, sustentou o líder do executivo português antes de partir no novo avião militar do Aeroporto Internacional de Guarulhos, na cidade de São Paulo, para um voo experimental, em que foi acompanhado por membros da sua comitiva, de visita ao Brasil, por ocasião das celebrações do ‘Dia de Portugal e das Comunidades Portuguesas’ e por destacados responsáveis pela Embraer.
De acordo com o primeiro-ministro lusitano, o KC-390, como avião de uso civil e militar, que progressivamente substituirá os C130, “é o primeiro produto dessa cooperação” luso-brasileira em setores industriais de ponta.
“Vamos ter hoje a oportunidade de voar num avião em que componentes essenciais, desde logo a sua fuselagem, foram produzidos em Évora e em Alverca. Tal significa a capacidade que a nossas indústrias apresentam no presente”, acrescentou.
Antes, o presidente da Embraer, Paulo César Silva, classificou como “muito importante” a atual parceria entre Portugal e o Brasil ao nível da aviação.
“Esta é uma parceria efetiva”, disse, com o presidente do setor de Defesa da Embraer, Jackson Schneider, a destacar o avanço ao nível da cooperação, “não só na parte industrial, mas também ao nível da engenharia”.
“Este é o primeiro voo que vai abrir espaço para muitos outros”, acrescentou.
De acordo com dados desta multinacional brasileira, desde 2004, a Embraer em Portugal já fez um investimento de mais de 300 milhões de euros.
“A Embraer já criou em Portugal 2.200 empregos diretos e, em conjunto com a OGMA – Indústria Aeronáutica de Portugal S. A., exportou produtos no valor de 300 milhões de euros ao ano”, lê-se num comunicado da multinacional brasileira.
- Texto adaptado de despacho da agência portuguesa de notícias ‘Lusa’
- Fotos: Twitter António Costa