Os aeroportos brasileiros movimentaram em 2014 um total de 117 milhões de passageiros, sendo quase 96 milhões de passageiros em voos domésticos e 21,3 milhões em voos internacionais. Foi contudo o quarto ano consecutivo com prejuízos no sector, como se pode ver pela leitura deste resumo da atividade distribuído pela entidade que tutela a aviação civil brasileira. Um resultado líquido negativo da ordem de 1,65 bilhões [mil milhões na designação europeia] de reais em 2014, destaca o relatório.
Os números de movimentação nos aeroportos e nas companhias aéreas, que constituem recorde na aviação brasileira, constam do Anuário do Transporte Aéreo de 2014 divulgado no último dia do ano passado (2015) pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), entidade que afiança que com este resultado, “o setor registou um acréscimo de mais de 68 milhões de passageiros nos últimos dez anos”.
A quantidade de passageiros que pagara o seu bilhete transportados no modal aéreo para cada 100 habitantes no Brasil mais do que dobrou em dez anos, passando de 26,8 em 2005 para 58,7 em 2014.
A demanda doméstica apresentou alta de 5,8% em 2014 na comparação com o mesmo período de 2013 e atingiu o seu maior nível nos últimos dez anos. Entre os anos de 2005 e 2014, em termos de passageiros-quilómetros pagos transportados (RPK), a demanda mais que duplicou neste período, com alta de 162,5% e crescimento médio de 11,3% ao ano. O número representou mais de 3 vezes o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e mais de 12 vezes o da população.
As tarifas aéreas domésticas registaram redução média de 4,5% em 2014 na comparação com 2013, tendo sido apurada em 332,08 reais brasileiros (cerca de 77 euros/83,90 dólares), em termos reais. Nos últimos dez anos, o valor do quilómetro voado caiu a menos da metade, com redução de 61%. Em 2014, de cada 100 bilhetes de passagem aérea doméstica, 12 foram vendidos ao público adulto em geral com tarifas aéreas inferiores a 100 reais (23,20 euros/25,30 dólares) tendo sido a maioria (59,3%) comercializada com valores abaixo de 300 reais (69.60 euros/75,90 dólares).
O estado do Amapá/AP na região Norte registou a menor Tarifa Aérea Média Doméstica em 2014 entre as 27 unidades da federação, da ordem de 270,24 reais. Já as viagens com origem ou destino na Paraíba/PB na região Nordeste apresentaram o menor valor por quilómetro voado, da ordem de 0,217 reais. Entre os 22 estados que apresentaram variação negativa real do ‘Yield’ Tarifa Aérea Médio Doméstico em 2014 na comparação com 2013, Goiás/GO no Centro-Oeste teve a queda mais expressiva, da ordem de 12,6% em termos reais.
Um acompanhamento especial realizado pela Agência revelou que, em todos os cenários comparativos avaliados, as tarifas aéreas domésticas comercializadas para a Copa do Mundo FIFA Brasil 2014 foram inferiores ou compatíveis com aquelas apuradas para outros grandes eventos realizados no país, para os períodos de alta temporada de 2013/2014 e com aquelas praticadas no ano de 2013. A Tarifa Aérea Média Doméstica comercializada para a Copa foi apurada em 320,49 reais, em valores reais atualizado pelo IPCA ao mês de julho/2014.
O Anuário da ANAC disponibiliza informações com detalhamento por aeroporto, por companhia aérea, por rotas (domésticas e internacionais), região e unidade da federação e dados sobre movimento de passageiros e de carga, frota de aeronaves e quadro de pessoal por companhia, quantidade de voos, número de localidades atendidas, além da participação de mercado, da taxa de aproveitamento das aeronaves, dos percentuais de atrasos e cancelamentos de voos, das tarifas aéreas comercializadas e das informações económico-financeiras das empresas, entre outras.
Transporte interestadual de passageiros
Desde 2010, o avião tem sido o principal meio de transporte utilizado pelos passageiros nas viagens interestaduais com distâncias superiores a 75 km, em comparativo realizado com o modal rodoviário. Há dez anos, a participação do transporte aéreo neste mercado era de 34,8%, contra 65,2% do rodoviário.
Em 2014, o modal aéreo manteve a sua liderança no transporte interestadual de passageiros sobre o modal rodoviário, com 63% versus 37%. Em relação ao ano anterior, o modal aéreo ampliou a sua participação frente o rodoviário em 3,6%.
Outros destaques do anuário
A demanda no mercado internacional para voos com origem ou destino no Brasil praticamente dobrou desde 2005, com crescimento médio de 7,9% ao ano. Em 2014, o crescimento do transporte aéreo neste mercado foi de 8,8% em relação a 2013. A quantidade de passageiros quilómetros pagos transportados em voos internacionais no Brasil alcançou o seu maior patamar desde 2005.
As companhias TAM e GOL representaram praticamente a totalidade das operações das empresas aéreas brasileiras neste mercado, com participação de 84,6% e de 14,9%, respectivamente.
A taxa de aproveitamento dos assentos das aeronaves em voos domésticos (RPK/ASK) foi de 79,7% em 2014, o que representou melhoria de 4,7% em relação à registada em 2013 e de 14,9% quando comparada com 2005. Trata-se do melhor índice em dez anos. No mercado internacional, o aproveitamento das aeronaves em 2014 ficou em 80,0%, o que representou aumento de 1,0% em relação a 2005.
A facturação com receitas de voo das empresas brasileiras concessionárias dos serviços de transporte aéreo público foi da ordem de 33,2 bilhões [mil milhões na designação europeia] de reais em 2014, o que representou crescimento de 6,3% em relação a 2013. O principal item das receitas de voo foi a receita de passagens, com participação de 86,5%, seguida da receita de carga, que representou 7,7%. Por outro lado, o total de custos e despesas cresceu 6,5% e alcançou a cifra de 33,87 bilhões [mil milhões na designação europeia] de reais. O custo com combustíveis foi o item mais representativo (36,6%), seguido do custo com arrendamento, manutenção e seguro de aeronaves (19,7%). Assim, o setor apurou prejuízo pelo quarto ano consecutivo, com resultado líquido negativo da ordem de 1,65 bilhões [mil milhões na designação europeia] de reais em 2014.
Os dados apresentados no Anuário do Transporte Aéreo são fornecidos pelas empresas aéreas de acordo com a legislação e vigor, e passam por diversos procedimentos de auditoria antes da publicação definitiva. Ressalta-se que a divulgação da edição do anuário de 2014 foi prejudicada devido a problemas ocorridos com o banco de dados da Agência que armazena as informações.
O Anuário do Transporte Aéreo de 2014 está disponível na seção Dados e Estatísticas do portal da ANAC na internet. LINK para acesso