Avro da LAMIA tinha prevista escala para reabastecimento em Cobija

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O Governo da Colômbia revelou neste sábado, dia 3 de dezembro, que o avião da LAMIA que caiu em Medellín matando 71 pessoas, na madrugada da passada terça-feira, dia 29 de novembro, previa uma paragem para reabastecimento de combustível no aeroporto de Cobija, na Bolívia, mas essa escala não se verificou. (LINK notícia relacionada).

A declaração do secretário da Segurança Aérea da Colômbia, coronel Freddy Bonilla, não se enquadra com o que até agora é conhecido. Desde há vários dias que a imprensa internacional que tem acompanhado a evolução das notícias sobre a tragédia que vitimou a comitiva da equipa de futebol do Chapecoense, tem escrito que uma funcionária do Aeroporto de Viru Viru, em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, tinha alertado a tripulação para o fato da autonomia do aparelho não permitir a execução do plano de voo apresentado para o percurso entre aquele aeroporto e o da cidade colombiana de Medellín.

O jornal boliviano ‘El Deber’ publicou uma cópia do documento escrito pela técnica de operações aeroportuárias Celia Castelo, que trabalha para a AASANA (Autoridade de Gestão dos Aeroportos da Bolívia), em que aquela acusava os responsáveis pelo voo, nomeadamente o comandante da aeronave, de não ter acatado as recomendações. Contudo, escreveu o ‘El Dever’, Celia não tinha poder para fazer parar a partida do avião. Por isso, comunicou o incidente aos seus superiores hierárquicos, após a desobediência dos pilotos do Avro RJ85 da LAMIA.

Agora há uma nova versão. Já na sexta-feira, dia 2 de dezembro, Gustavo Vargas, diretor-geral da LAMIA, tinha declarado a jornalistas colombianos que era suposto o avião fazer uma escala para reabastecimento. A declaração foi menosprezada, pois admitiu-se que o representante da companhia quis apenas encobrir uma situação menos correta.

Neste sábado, o coronal Freddy Bonilla, que lidera um departamento semelhante ao GPIAA (Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes Aéreos), em Portugal, ou ao CENIPA (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), no Brasil, surge com uma versão contraditória e afirma que o trajeto previsto para o avião na fatídica madrugada de terça-feira, dia 29 de novembro, era Santa Cruz de la Sierra, Cobija (Bolívia) e Medellín, mas a escala não ocorreu.

O militar disse que a autorização para entrada no espaço aéreo colombiano foi dada porque se esperava que as autoridades aéreas da Bolívia fizessem cumprir este itinerário. A imprensa brasileira refere neste sábado, dia 3 de dezembro, que a comissão de inquérito e investigação do acidente questionou os bolivianos sobre o cancelamento da paragem prevista e aguarda as explicações até quinta-feira, dia 8. Freddy Bonilla quer saber se as autoridades bolivianas também poderão ser responsabilizadas pela tragédia.

“Quando o avião entrou no espaço aéreo colombiano só recebemos a informação do ponto de partida. Não sabíamos que não havia parado”, disse o secretário de Segurança Aérea da Colômbia.

O avião sinistrado tem depósitos para combustível suficiente para 4h22 de voo, muito próximo do tempo previsto para a viagem. A norma internacional de segurança da aviação obriga a haver quantidade extra para, pelo menos, mais uma hora de voo, nomeadamente para um determinado aeroporto alternativo e ainda para mais meia-hora de voo em espera, por exemplo.

A comissão de inquérito receia que esteja perante um cenário de difícil interpretação dos fatos, já que as autoridades bolivianas têm se recusado a esclarecer algumas declarações contraditórias. Contudo, existe da parte da Bolívia algum bom senso e o fato de terem sido demitidos todos os técnicos que lidaram diretamente com o despacho deste avião no aeroporto da capital boliviana, além da suspensão do COA (certificado de operador aéreo) da LAMIA Corporation, é a prova de que a Bolívia está também interessada em apurar a verdade dos fatos.

Para já a comissão de inquérito tem na sua posse um elemento importante e fundamental para desvendar grande parte do que aconteceu: as duas caixas negras foram recolhidas e estão em bom estado. Os investigadores também esperam ter acesso a dados técnicos do avião e aos registos das conversas entre os pilotos da aeronave sinistrada e os controladores aéreos de serviço nas torres onde o avião reportou a sua passagem ou posição. Há ainda um sobrevivente, que era tripulante da aeronave, e que poderá ter uma participação relevante no inquérito.

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