O Conselho de Administração da AZUL – Linhas Aéreas Brasileiras aprovou esta semana os termos de um novo acordo de parceria com a TAP Air Portugal, que foi trabalhado pelos gestores executivos de ambas as companhias aéreas e colocado agora para aprovação dos acionistas da companhia aérea brasileira. A implementação da nova joint venture está prevista para o próximo ano, anuncia nesta sexta-feira, dia 8 de novembro, o site de notícias de aviação ‘Routesonline’.
O novo acordo, cuja proposta final continua a ser trabalhado entre as partes coordenará horários e preços em voos transatlânticos entre a Europa e o Brasil. A companhia aérea com sede em São Paulo submeteu os planos aos seus acionistas para aprovação, dizendo que o contrato geraria receita para ambas as transportadoras nos próximos anos.
Detalhes do acordo proposto, que foi discutido pela primeira vez há mais de dois anos, foram divulgados nos resultados financeiros do terceiro trimestre da Azul.
“Estamos empolgados com o valor estratégico que esta joint venture irá trazer para a companhia”, disse David Neeleman, fundador e presidente do Conselho de Administração da Azul, a analistas de mercado durante uma teleconferência.
“Haverá enormes sinergias para que possamos coordenar horários e tarifas. Mas também é um investimento. Se alguém investe ou compra, certamente temos uma vantagem por causa do nosso investimento”, acrescentou Neeleman.
O consórcio Atlantic Gateway, liderado pelos empresários português Humberto Pedrosa e brasileiro David Neeleman, assumiu uma destacada participação no processo de privatização da TAP, desde 2015, sendo também o responsável pela gestão da companhia aérea portuguesa, se bem que esta tenha uma maioria de capital público.
Em março deste ano, o grupo chinês HNA vendeu sua participação de 9% na transportadora portuguesa em dois lotes para a Azul e a US Global Aviation Ventures, dividindo 45,45% e 54,55%, respectivamente. A Azul pagou 25 milhões de dólares pela sua participação.
Segundo destaca o ‘Routesonline’, David Neeleman foi bem claro na sugestão que fez aos acionistas da Azul: “Se aceitar o que agendámos para o próximo ano nesta joint venture entre a TAP e a Azul, teremos cerca de 100 partidas semanais do Brasil para a Europa, o que nos colocará, de longe, como a maior transportadora na rota. Teríamos cerca de 30% de todos os passageiros que voam entre o Brasil e a Europa, o que é incrível. Ninguém chega nem perto disso.”
De acordo com dados fornecidos pelo ‘OAG Schedules Analyzer’, a TAP possui atualmente uma participação de 23,1% da capacidade semanal total entre a Europa e o Brasil (números apurados em 11 de novembro de 2019), enquanto o Grupo LATAM Airlines é o segundo maior player com 17,8%. A Azul responde por 5% dos assentos disponíveis.
O mercado entre Brasil e Portugal, em particular, está a registar um crescimento muito rápido. Os números da OAG mostram que a capacidade total durante a temporada de verão de 2019 foi de um milhão e 650 mil assentos, um aumento de 52,6% em três anos. A capacidade da TAP no mesmo período aumentou 28,6%.
Um novo contrato de serviços aéreos assinado em junho entre Brasil e Portugal deve garantir que o crescimento continue. “O acordo elimina restrições ao transporte de passageiros e carga entre os dois países”, lembra o ‘Routesonline’.
As companhias aéreas designadas podem oferecer voos internacionais para qualquer destino nos dois países e têm ampla liberdade para estabelecer o compartilhamento de código (code share). As transportadoras também podem se conectar a países terceiros usando direitos de quinta liberdade.
- Na imagem de abertura que ilustra esta notícia vemos, da esquerda para a direita: os empresários Humberto Pedrosa e David Neeleman, que controlam o consórcio ‘Atlantic Gateway’, e Antonoaldo Neves, presidente executivo da TAP Air Portugal, que antes ocupou as mesmas funções na Azul Linhas Aéreas Brasileiras.