Alexandr Lukashenko, Presidente da República da Bielorrússia, país da Europa de Leste que esteve integrado na ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) até 1991, data em que se tornou independente, mandou desviar no domingo, dia 23 de maio, para o seu país, um avião comercial da Ryanair, de onde retirou de bordo um jornalista crítico do seu governo e da sua conduta política.
O avião, o Boeing 737-800, matrícula SP-RSM, viajava de Atenas, na Grécia, para a cidade de Vilnius, na Lituânia, quando a tripulação foi avisada pelo controlo aéreo da Bielorrússia, que deveria divergir para o aeroporto de Minsk, devido a um incidente grave de segurança (ameaça de bomba ou explosivos a bordo da aeronave). Logo após o alerta o avião passou a ser acompanhado por um avião caça-bombardeiro MIG-29 até à aterragem.
A Ryanair, em comunicado divulgado ao princípio da noite de domingo, confirmou que a tripulação do seu avião, que transportava 120 passageiros, tinha sido “notificada pelo serviço de controlo de tráfego aéreo bielorrusso de uma potencial ameaça à segurança a bordo e foi instruída a desviar para o aeroporto mais próximo, Minsk”.
A agência de notícias espanhola ‘Efe’ noticiou que um canal do serviço de mensagens ‘Telegram’ associado ao serviço de imprensa do Governo bielorrusso explicou que o presidente do país foi “imediatamente informado” da suposta ameaça e “deu a ordem incondicional de mudar a rota do avião e recebê-lo” no aeroporto de Minsk.
De acordo com o canal, Lukashanko também deu instruções para que um caça MIG-29 “escoltasse o avião de passageiros”. Após a aterragem no aeroporto, os serviços especiais bielorrussos não encontraram qualquer dispositivo explosivo no avião, mas detiveram o jornalista Roman Protasevich, após os passageiros terem sido obrigados a passar por um novo controlo no terminal aéreo.
Notícias veiculadas por círculos opositores disseram que se tratou de um autêntico sequestro de uma aeronave civil com passageiros a bordo viajando entre dois países da União Europeia, e que dois bielorrussos e quatro russos que viajavam desde Atenas não continuaram a viagem para Vilnius quando o avião da companhia aérea europeia foi finalmente autorizado a retomar o voo após sete horas na capital bielorrussa.
“O regime forçou um avião a aterrar para prender Roman Protasevich. Ele enfrenta a pena de morte na Bielorrússia”, disse no Twitter a líder da oposição bielorrussa, Svetlana Tikhanovskaya, atualmente exilada.
Outros passageiros comentaram que o próprio Protasevich disse pouco antes da sua prisão que iria enfrentar “a pena de morte”.
Our FR4978 flight has landed safely in Vilnius at 19:25hrs UK time (21:25hrs local time). Here is Ryanair’s statement on today’s diversion to Minsk Airport 👇 pic.twitter.com/i0xhdpwTAF
— Ryanair Press Team (@RyanairPress) May 23, 2021
- A foto de abertura foi encontrada em diversas contas nas redes sociais e mostra o avião da Ryanair parqueado em Minsk, numa ocasião em que as forças de segurança locais verificavam as bagagens dos passageiros. Não está referenciado o autor da imagem.