A companhia aérea TICV – Transportes Interilhas de Cabo Verde, que tem como acionista único a holding proprietária da companhia espanhola Binter, com sede nas ilhas Canárias, poderá continuar a voar entre as ilhas do arquipélago africano, se a empresa espanhola sair da exploração.
Esta é a conclusão que de depreende de recentes declarações do primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, em resposta aos jornalistas que o interrogaram acerca da atual situação da companhia que decidiu suspender a sua atividade operacional entre as ilhas (LINK notícia relacionada).
“É preciso ter em conta que a TICV é uma companhia que já está a operar e é bom que não haja descontinuidade. Outra coisa é se a Binter continuará ou não como acionista da TICV”, reconheceu o primeiro-ministro, questionado à margem da recepção ao Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, na cidade da Praia, na passada segunda-feira, dia 17 de maio.
“Para nós, o mais importante é que possa haver continuidade, não haver nenhuma situação de descontinuidade relativamente aos voos”, acrescentou o governante cabo-verdiano.
Entretanto, uma fonte da companhia angolana BestFly, que nesta segunda-feira assumiu a concessão emergencial, por seis meses, do serviço público de transporte aéreo no arquipélago, confirmou à agência portuguesa de notícias ‘Lusa’ que há contactos por parte da espanhola Binter, que detém a TICV, para explorar a possibilidade de venda da operação em Cabo Verde.
A TICV, tal como noticiou a ‘Lusa’, entregou à Agência de Aviação Civil (AAC) a programação para a época de Verão de 2021, para vigorar a partir desta semana, aguardando autorização do regulador cabo-verdiano (LINK notícia relacionada).
Governo de Cabo Verde desmente declarações do diretor-geral da TICV
Igualmente na segunda-feira, dia 17, o ministro dos Transportes da República de Cabo Verde, Carlos Santos, em conferência de imprensa, desmentiu anteriores declarações do diretor-geral da TICV, Luís Quinta, na semana passada, negando que tivessem decorrido “várias conversações” entre os acionistas da Binter, que detém a companhia cabo-verdiana, e representantes do Governo, sobre a continuidade da empresa em Cabo Verde.
“É público e notório que a Binter já tinha manifestado a vontade de sair das operações, inclusive de liquidar a empresa”. “Temos correspondência trocada com a Binter, com os acionistas da TICV, a dizer isso. Não vamos entrar no diz que diz”, acrescentou o ministro.
Em 2020, os voos domésticos em Cabo Verde, operados apenas pela TICV, movimentaram cerca de 125 mil passageiros, menos 286 mil (-230%) face ao ano anterior, devido às restrições impostas pela pandemia de covid-19.
Num aparente diferendo com o Governo, sobre a necessidade de apoios públicos à companhia privada, a TICV, única operadora dos voos domésticos, que atingiu em 2019 a marca de um milhão de passageiros transportados em Cabo Verde, tinha então bilhetes à venda apenas até 16 de maio.