A British Airways confirmou nesta quinta-feira, dia 24 de maio, que vai suspender as ligações aéreas regulares entre Londres, no Reino Unido, e Luanda, capital da República de Angola, a partir de junho, alegando que não são viáveis.
A decisão é justificada pela British Airways porque “os voos não são comercialmente viáveis”, garantindo a companhia que os passageiros com bilhetes já adquiridos para voos a realizar após a data da suspensão da ligação “receberão um reembolso total ou poderão ser remarcados num serviço anterior no final de maio ou início de junho”.
A companhia britânica confirmou a notícia publicada na quarta-feira, dia 23 de maio, pelo ‘Newsavia’ (LINK notícia relacionada) e que acabou reproduzida pela imprensa angolana e teve grande destaque nas redes sociais, dado que a posição da empresa aérea britânica foi recebida com grande surpresa em Luanda.
Angola enfrenta desde finais de 2014 uma profunda crise financeira e económica decorrente da quebra das receitas com a exportação de petróleo. A situação levou igualmente à saída de milhares de trabalhadores estrangeiros e tem limitado o acesso a divisas.
Algumas companhias, nomeadamente a portuguesa TAP, já tinham restringido o pagamento em moeda nacional angolana (kwanza) a viagens apenas com origem em Luanda, devido à falta de divisas para repatriar os dividendos.
A companhia portuguesa reduziu em 2016 as ligações aéreas para Luanda de dez para oito frequências semanais.
A companhia árabe Emirates reduziu igualmente, em 2017, as ligações aéreas diretas para Luanda, queixando-se de dividendos, provenientes da venda de bilhetes, por repatriar em Angola.
A dívida de Angola para as companhias áreas estrangeiras estava avaliada no início deste ano em 540 milhões de dólares (460 milhões de euros), disse em janeiro o presidente do Conselho de Administração da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), Alexandre Juniac, considerando a situação preocupante.
Falando aos jornalistas em Luanda, à margem da conferência internacional sobre aviação civil, o responsável considerou ainda crítica a situação dos bloqueios impostos para as transportadoras repatriarem os seus rendimentos, alertando que a situação pode impedir companhias de voar para Angola.
“Porque se não estiver a pagar é claro que não vai aumentar novas rotas e frequências para Angola, daí ser um problema que deve ser resolvido”, observou.
O presidente da IATA explicou ainda que a questão dos recursos bloqueados não se regista apenas em Angola, mas em mais oito países africanos, argumentando que apesar de estes países estarem a viver grandes problemas económicos a “saída não é bloquear recursos”.
“É do interesse de todos garantir o pagamento adequado das companhias áreas, a taxas de câmbio justas e no valor total”, explicou.
De acordo com Alexandre Juniac, em face desta dívida, a IATA elaborou um plano de 12 meses já apresentado ao Governo angolano, com o intuito de se desbloquear a situação.