A agência internacional de notação financeira ‘Fitch’ considera que a privatização da totalidade das ações da transportadora aérea de Cabo Verde pode ser prejudicada devido à falta de interesse estrangeiro e ao pequeno mercado interno.
“O Governo planeia vender o resto das ações da TACV (atual Cabo Verde Airlines) e privatizar outras empresas públicas, mas acreditamos que esta intenção pode ser prejudicada pela existência de um pequeno mercado interno e limitado interesse dos investidores estrangeiros”, escrevem os analistas da ‘Fitch’ num relatório sobre os ratings na África subsaariana, divulgado na passada semana.
No documento, enviado aos clientes e a que a agência portuguesa de notícias ‘Lusa’ teve acesso, a ‘Fitch’ lembra que o Governo de Cabo Verde vendeu 51% da transportadora em março e que, apesar de ainda ter 105 milhões de euros de dívida antiga da companhia, pode reduzir o montante das transferências futuras.
As empresas públicas, de resto, são apresentadas como um dos maiores perigos à estabilidade financeira do arquipélago, com as dívidas destas empresas a representarem 26% do PIB, dos quais 7% são garantidos pelo Estado.
A agência de notação financeira atribui uma nota B, com Perspetiva de Evolução Estável, destacando que “o rating equilibra a elevada dívida pública e endividamento externo, as vulnerabilidades das grandes empresas públicas e a grande dependência do turismo, face a uma governação forte, maturidades longas e um serviço da dívida baixo relativamente à dívida pública externa”.
Cabo Verde é um dos países com um rácio da dívida pública face ao PIB mais elevado, representando 123% no final do ano, o dobro da média de 58% registada pelos países com um rating de B pela ‘Fitch’, mas os analistas apontam que “o rácio deve descer para menos de 100% do PIB em 2025 se o governo aderir à estratégia de consolidação orçamental e controlar os custos das empresas públicas”.