A Cabo Verde Airlines (CVA), atual companhia de bandeira da República de Cabo Verde, prevê retomar os voos comerciais a partir do dia 1 de julho, revelou nesta quinta-feira, dia 9 de abril, o presidente do conselho de administração, Erlendur Svavarsson.
Numa mensagem endereçada aos passageiros, e revelada pela agencia de notícias cabo-verdiana ‘Inforpress’, o responsável pela CVA assegurou que a companhia vai continuar a trabalhar para minimizar o impacto da pandemia, que tem “causado transtornos” em vários sectores a nível mundial, sobretudo nos transportes aéreos.
“As operações comerciais de voos estão interrompidas até 1 de julho de 2020. Não tomámos esta decisão de ânimo leve e sabemos que isto poderá causar transtorno nas suas viagens, estamos nisto juntos, e pedimos a sua compreensão”, referiu.
Erlendur Svavarsson afirmou que a CVA vai continuar a acompanhar a evolução da pandemia e monitorizar os seus efeitos e trabalhar “de perto” com o Governo de Cabo Verde para assegurar a segurança dos passageiros e das populações dos quatro continentes que conecta.
A mesma fonte garantiu que os voos afetados serão reagendados sem quaisquer custos para os clientes, e caso o cliente não queira mais viajar para o mesmo destino, e quer decidir mais tarde para onde e quando prende viajar pode fazê-lo, e poderá ainda usar o voucher do seu voo num outro, em qualquer momento, até março de 2021.
“Não haverá taxas à mudança de voo e não haverá taxas caso reserve um voo mais perto da data da viagem, que normalmente teria um preço mais alto não terá de pagar a diferença e as interrupções que ocorram pela segurança de todos não terão custos para si”, avançou.
Erlendur Svavarsson mostrou-se “orgulhoso” uma vez que a companhia aérea realizou voos de repatriamento, o que permitiu levar para o País cidadãos cabo-verdianos e levar para Boston cidadãos dos Estados Unidos da América.
“Trabalharemos de forma a levar suprimentos para Cabo Verde e transportando material médico, conforme pedido, mas, pela segurança de todos nós, as operações comerciais de voo estão interrompidas até 1 de julho de 2020”, informou.
Para o presidente CVA, o Governo de Cabo Verde foi proactivo e interrompeu a propagação do vírus através da restrição antecipada de viagens de e para Itália, medida essa que, no seu entender, foi essencial para proteger os cidadãos de todo o mundo.
“O isolamento mostra-nos como o contacto pessoal é importante e nós compreendemos. Quando retomarmos os voos a 1 de julho, estaremos prontos para servi-lo e implementar todas as medidas de segurança que Organização Mundial de Saúde recomenda”, concluiu Erlendur Svavarsson.
Ministro cabo-verdiano alerta para cenários que podem levar ao encerramento da companhia aérea
Entretanto na última quarta-feira, dia 8, em entrevista à Rádio de Cabo Verde, o ministro do Turismo e Transportes, Carlos Santos, disse que o futuro da Cabo Verde Airlines é ainda incerto e admitiu a possibilidade de a empresa vir a fechar as portas devido às consequências da pandemia da covid-19.
O ministro explicou que os transportes aéreos são os sectores mais atingidos pela pandemia criada pelo novo coronavírus, de forma indireta, criando dificuldades para todas as companhias a nível mundial, que tiveram as suas atividades suspensas, devido ao encerramento das fronteiras em todo o mundo.
“Só para o terceiro trimestre de 2020 a IATA prevê que haverá um prejuízo de 39 mil milhões de euros para todas as companhias do mundo e a CVA não irá ficar de fora desse quadro, precisamente porque é uma companhia que estava num processo de descolagem”, disse.
As contas aos prejuízos ainda não foram feitas, mas Carlos Santos salienta que só o facto dos aviões de CVA, que são alugados, estarem quase trinta dias sem voos, já se pode ver que a situação é complicada.
O futuro ainda é incerto, até porque, salientou, a crise está no início e não se sabe até quando a pandemia vai demorar, disse o ministro, para acrescentar que as previsões não são encorajadoras.
O ministro recordou, no entanto, a existência de instrumentos financeiros que o Banco Mundial e o Banco Africano de Desenvolvimento estão a montar, com soluções que podem ser destinadas ao sector aéreo.
O governo do arquipélago vendeu em março de 2019 uma participação estatal de 51% da então empresa pública TACV (Transportes Aéreos de Cabo Verde) por 1,3 milhões de euros à Lofleidir Cabo Verde, uma empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF (que ficou com 36% da CVA) e em 30% por empresários islandeses.