A guerra na Ucrânia pressiona ainda mais os custos com o querosene de aviação (QAV), nomeadamente no Brasil, de onde chega agora o alerta da ABEAR – Associação Brasileira das Empresas Aéreas. Após o preço médio do combustível dos aviões ter registado alta de 91,9% em 2021, em comparação com 2020, a Petrobras anunciou, no início do corrente mês de abril, um aumento de cerca de 18% no preço do QAV, dependendo da refinaria. No período de 1 de janeiro a 1 de março, o valor do combustível dos aviões acumula uma alta de cerca de 38%, segundo dados da petrolífera estatal brasileira.
“Esses dados mostram como o preço do QAV é um desafio permanente para as empresas aéreas e comprovam que esse combustível deveria ter tratamento de política pública, pois antes da pandemia transportávamos mais de 100 milhões de passageiros por ano. Agora, a guerra na Ucrânia acelerou a pressão sobre o valor do combustível, o que pode frear a retomada da operação aérea que estávamos observando a cada mês. Permanecemos firmes no setor enfrentando diariamente o Custo Brasil”, afirma o presidente da ABEAR, Eduardo Sanovicz.
O QAV é o item de maior ineficiência económica para as companhias aéreas brasileiras e responde por mais de um terço dos custos do setor, que por sua vez têm uma parcela de mais de 50% indexada ao dólar. A cotação da moeda norte-americana encerrou o ano passado no patamar de 5,58 reais, sendo que em meados de 2014 o valor estava em 2,35 reais. O Brasil é o único país do mundo que tem um tributo regional sobre o QAV, o ICMS. As empresas estrangeiras, por sua vez, não pagam esse imposto para abastecer em território nacional. É por isso que uma viagem internacional muitas vezes é mais barata do que um voo doméstico, considerando-se distâncias similares.