As transportadoras aéreas registadas no Iémen, Bahrein, Egito, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos vão deixar de voar a partir de terça-feira, dia 6 de junho para o Catar, no seguimento do anúncio do corte de relações diplomáticas com o Catar, país árabe acusado de ingerência nos assuntos políticos dos países do golfo e árabes do Médio Oriente e de apoiar o terrorismo. Por seu lado a Qatar Airways não poderá voar para aeroportos desses países , nem sobrevoar o seu espaço aéreo.
O governo do Iémen anunciou, esta segunda-feira, o corte de relações com o Catar, membro da coligação militar árabe que opera no país, acusando Doha (capital do Catar) de ligações com os grupos houthis pró-iranianos e de apoio a grupos jiadistas.
A Arábia Saudita afirmou querer “proteger a sua segurança nacional dos perigos do terrorismo e do extremismo”, enquanto o Bahrein sustentou a sua decisão acusando Doha de “minar a segurança e estabilidade” do país e de “interferir nos seus assuntos” internos.
“A Arábia Saudita tomou esta medida decisiva devido à série de abusos por parte das autoridades de Doha ao longo dos últimos anos (…), por incitar à desobediência e prejudicar a sua soberania”, afirmou um responsável saudita, citado pela agência noticiosa oficial SPA.
Além disso, prosseguiu, “o Catar acolhe diversos grupos terroristas para desestabilizar a região, como a Irmandade Muçulmana, o Daesh (acrónimo em árabe do grupo autoproclamado Estado Islâmico)”.
O Bahrein culpou o Catar pelo “incitamento dos ‘media’, apoio a atividades terroristas armadas e financiamento ligado a grupos iranianos para levar a cabo atos de sabotagem e semear o caos no Bahrein”.
Na mesma linha, o Egito, também por via de um comunicado do ministério dos Negócios Estrangeiros, justificou o rompimento de relações com o Catar acusando-o de apoiar “o terrorismo” e de “insistir em adotar um comportamento hostil relativamente ao Egito”.
Todas as nações anunciaram ainda a retirada dos diplomatas do Catar dos seus territórios, a par com planos para cortar as ligações aéreas e marítimas, sendo que a Arábia Saudita deu ainda conta de que também pretende encerrar a sua fronteira terrestre com o Catar, deixando-o o efetivamente isolado do resto da península arábica.
Diversas companhias árabes já anunciaram que terminarão nesta segunda-feira à noite as suas ligações regulares com o Qatar, assim como as autoridades nacionais de aviação civil desses países anunciaram também que não permitirão a passagem no seu espaço aéreo de voos da Qatar Airways ou de outras companhias em voos para o Catar. O sobrevoo dos espaços aéreos está sujeito a autorização prévia, que terá de ser solicitada com uma semana de antecedência.
Esta medida deverá afetar bastante os voos da Qatar Airways, uma das maiores companhias de longo curso da região, que cruza frequentemente o espaço aéreo saudita.
No Bahrein as companhias Gulf Air baseada em Muharraq, e a low cost Air Arabia, baseada em Sharjah, já anunciaram que os últimos voos serão feitos na noite desta segunda-feira, dia 5 de junho. Nos Emirados Árabes Unidos, também as companhias nacionais Emirates, Etihad e FlyDubai, anunciaram a suspensão das suas carreiras regulares para Doha, capital do Qatar e um dos maiores hubs da Península Arábica, por onde transitam diariamente milhares de passageiros com diversos destinos, nomeadamente para países árabes.