O diretor do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves (GPIAA) de Portugal alerta que não consegue cumprir as suas obrigações financeiras e pediu a criação de uma taxa de 20 cêntimos por bilhete de avião para resolver o problema.
Em entrevista divulgada nesta terça-feira, dia 18 de outubro, na rádio TSF, de Lisboa, o diretor do GPIAA, Álvaro Neves, queixou-se da situação financeira da entidade que dirige, que é independente mas tutelada pelo Ministério do Planeamento e das Infraestruturas, admitindo que a prevenção e a investigação de acidentes aéreos podem ficar comprometidas se o problema não for resolvido.
“Estrangulado por um garrote até à inoperacionalidade”, disse o responsável à TSF, explicando que a situação “complicou-se ainda mais” este ano.
Álvaro Neves adiantou à TSF que o orçamento que o gabinete tinha (500 mil euros) “já não dava para muitas coisas fundamentais, mas a situação piorou porque o atual governo “cortou 40%”.
Segundo o responsável, a situação levou a que o gabinete seja “incapaz de cumprir as obrigações financeiras do dia-a-dia”, bem como as “viagens dos investigadores, algo essencial em determinados processos ou ações de prevenção”.
Por isso, Álvaro Neves considerou “urgente a criação de uma taxa de 20 cêntimos paga por bilhete de avião, fundamental para criar, também, um fundo de reserva para o Estado em caso de acidente grave”.
Álvaro Neves sublinhou também à TSF que se a taxa não avançar, a prevenção e a investigação de acidentes em Portugal pode ficar comprometida.
A entidade tem mais de 100 processos pendentes, além de uma enorme falta de meios humanos, materiais e financeiros, indica a TSF.
Na entrevista, o diretor do gabinete admitiu que tem tido ameaças de fornecedores e disse ter ficado três dias sem comunicações na linha de emergência para reportar acidentes.
A rádio realçou que Álvaro Neves admitiu, num texto que escreveu para a comunidade do setor, que o organismo é “incapaz de liderar uma investigação de um grande acidente aéreo em território nacional”.
Os governos atuam assim “talvez por continuarem convencidos de que a Nossa Senhora de Fátima nos livrará de um acidente grave”, algo que “é quase inevitável de acontecer mais tarde ou mais cedo pois o país tem cerca de 600 mil movimentos de aviões por ano”, escreveu o diretor do GPIAA, citado pela TSF.