Tomaz Metello, fundador e proprietário da Euro Atlantic Airways, disse ao ‘Newsavia’ que a companhia aérea portuguesa não pretende abandonar o capital social da companhia aérea STP Airways, criada na República Democrática de São Tomé e Príncipe, na África Equatorial, há mais de 10 anos, e que é a única empresa de transporte aéreo de bandeira do país com voos para o exterior.
As declarações surgem após uma notícia que foi divulgada pela agência noticiosa portuguesa ‘Lusa’, na passada sexta-feira, dia 7 de junho, em que dá como certa a saída da Euro Atlantic de São Tomé, a partir de outubro deste ano, após a recusa das autoridades são-tomenses de estender o acordo em vigor. A revelação foi feita pelo Governo são-tomense que anunciou que “outros parceiros” assumirão a rota.
“Neste momento a Euro Atlantic está a voar, ela é parte accionista da STP Airways, esta situação vai continuar, pelo menos até o mês de outubro”, disse aos jornalistas o ministro das Obras Públicas, Infra-estruturas e Recursos Naturais são-tomense, Osvaldo Abreu.
Tomaz Metello diz que se tratam de declarações sem grande sustentação, já que a Euro Atlantic é sócia maioritária e gestora da companhia aérea, pois São Tomé e Príncipe nem está sequer habilitado para certificar aviões ou companhias aéreas por falta de pessoal qualificado. Por isso, desde sempre os voos da STP Airways entre Lisboa e São Tomé têm sido feitos com aviões da Euro Atlantic. Acresce o facto do Governo são-tomense estar a dever à companhia de Tomás Metello muitos milhões de euros, dos contratos de aluguer dos aviões, um risco que tem sido assumido unicamente pelo sócio privado português.
“Nós estamos a conversar para podermos viabilizar outras formas, outras normas, outras rotas e parcerias para dar mais asas à STP Airways e modernizar um pouco tudo o que é equipamentos, handling e outros serviços aéreos que nós achamos que, pela pujança que o nosso país ganhou, precisamos de acompanhar e não sermos sempre surpreendidos e estarmos atrás dos acontecimentos”, acrescentou o ministro Osvaldo Abreu, nas declarações que chegaram até Portugal pela ‘Lusa’.
Tomaz Metello diz desconhecer as negociações, e que nos últimos anos, em reuniões com as autoridades são-tomenses, lhes tem sido dito insistentemente que no dia que retirarem à STP Airways o exclusivo da exploração do handling no Aeroporto Internacional de São Tomé, a continuidade da STP Airways terá de ser repensada, porque não terá receitas para cobrir os custos básicos da empresa. As constantes mudanças de governos e de ministros em São Tomé não têm sido boas conselheiras para os políticos nacionais, que ainda não perceberam bem o que se está a passar, considera o dono da companhia aérea portuguesa.
Aliás, o ministro das Obras Públicas, Infra-estruturas e Recursos Naturais sabe disso e disse que “não há incumprimento do acordo assinado”, mas referiu que o Governo são-tomense recusou aceitar a extensão de um pedido da companhia portuguesa como sendo o motivo essencial para a rotura da parceria.
“Não existem incumprimentos, existem simplesmente mal-entendidos. Nós temos acordos, os acordos têm prazos”, disse o governante africano.
Tomaz Metello recusa-se a aceitar o discurso vindo de São Tomé, e garantiu ao ‘Newsavia’ que ainda na corrente semana irá esclarecer em Lisboa todo o que está por detrás desta polémica.
A empresa STP Airways tem um sócio maioritário que é a Euro Atlantic Airways. Qualquer decisão a ser tomada terá naturalmente de ter a sua concordância. Pode estar em causa os são-tomenses não gostarem dos aviões que fazem as rotas para Lisboa. Tomaz Metello diz que está disposto a encontrar uma solução que, talvez onere menos a companhia portuguesa.
Mas outra coisa é também verdade: a Euro Atlantic tem milhões de euros a receber da República Democrática de São Tomé e Príncipe, de participações financeiras nunca liquidadas. E para encerrar uma empresa, em todo o mundo, é preciso saldar as dívidas, diz Tomaz Metello.
Entretanto, na cidade de São Tomé, o governo nacional disse que já tem alternativa à companhia portuguesa.
“Nós tínhamos que ter alternativa, somos Governo, somos responsáveis e nós não podemos de maneira alguma deixar os nossos clientes, o nosso país, sem possibilidades de voar com as nossas cores, com o nosso nome, com a nossa bandeira. A STP Airways vai continuar a voar”, garantiu o ministro Osvaldo Abreu.