Donos da Cabo Verde Airlines procuram financiamento urgente

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O grupo Icelandair, que lidera a Cabo Verde Airlines (CVA), admite que os resultados da companhia aérea cabo-verdiana no primeiro trimestre deste ano “ficaram abaixo das expectativas”, continuando à procura de um financiamento a longo prazo.

De acordo com o relatório com as demonstrações financeiras do grupo islandês referente ao primeiro trimestre, datado de maio e consultado nesta terça-feira, dia 12 de maio, pela agência de notícias portuguesa ‘Lusa’, a CVA necessita de se financiar a longo prazo, processo que se arrasta desde 2019, agora numa altura em que a atividade comercial da companhia está parada desde 18 de março e pelo menos até 1 de julho, devido à pandemia de covid-19.

“Os resultados operacionais da Cabo Verde Airlines no primeiro trimestre de 2020 ficaram abaixo das expectativas. A Cabo Verde Airlines está à procura de financiamento a longo prazo. Se o financiamento a longo prazo não for garantido, isso poderá afectar negativamente a operação da Cabo Verde Airlines”, reconhece o grupo Icelandair, que detém 36% do capital social da CVA, através da sua subsidiária Loftleidir Icelandic.

“Desenvolvimentos negativos nas operações da Cabo Verde Airlines podem afetar ainda mais as operações da Loftleidir Icelandic em 2020”, aponta o documento da Icelandair, mas sem apresentar números sobre a CVA.

Em março de 2019, o Estado de Cabo Verde vendeu 51% da então empresa pública TACV por 1,3 milhões de euros à Lofleidir Cabo Verde, uma empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF (que ficou com 36% da CVA) e em 30% por empresários islandeses com experiência no sector da aviação (que assumiram os restantes 15% da quota de 51% privatizada). Outra parcela, de 10%, foi vendida no segundo semestre de 2019 a trabalhadores e emigrantes cabo-verdianos.

Questionada em 6 de maio pela ‘Lusa’ sobre o desempenho da companhia após a privatização, a administração da CVA, liderada pelo grupo Icelandair, referiu que transportou, até 28 de fevereiro de 2020, um total de 344.639 passageiros, apenas com rotas internacionais.

Esse registo compara com os 145.629 passageiros transportados de março de 2018 a fevereiro de 2019, pela então TACV (Transportes Aéreos de Cabo Verde), que era totalmente detida pelo Estado, o que representa um aumento de 51% após a privatização.

“Após a privatização bem-sucedida da Cabo Verde Airlines, a implementação da estratégia de ‘hub’ no Sal, de conectar quatro continentes, mostrou um aumento imediato do número de passageiros. Esse crescimento bem-sucedido continuou ao longo de 2019”, explicou, a propósito destes números, o presidente do Conselho de Administração e diretor executivo da CVA, Erlendur Svavarsson.

Contudo, a companhia, que tem 330 trabalhadores, suspendeu em 18 de março a atividade operacional, face à decisão do Governo de Cabo Verde de encerrar o país a voos internacionais, para conter a pandemia de covid-19. Nas semanas anteriores, a transportadora já tinha começado a suspender várias rotas, face a restrições impostas também nos países de destino.

“O primeiro trimestre de 2020 foi, contudo, fortemente influenciado pela covid-19, com a procura a cair no final de fevereiro e nenhum voo operado após o dia 18 de março”, realçou Erlendur Svavarsson.

A companhia mantém, contudo, a perspectiva de retomar as operações no próximo dia 1 de julho, “sujeita às recomendações da Organização Mundial de Saúde e possíveis restrições locais” nos destinos onde opera, garantiu o gestor islandês.

“A equipa da CVA está a trabalhar arduamente para se preparar para o reinício das operações a 1 de julho e estamos ansiosos para receber passageiros na nossa companhia aérea confiável e eficiente e prestar um serviço que marque a diferença”, disse.

 

  • Foto © Jailson Lopes

 

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