Todo aviador tem um avião predileto. Ele não precisa ser o maior, o mais veloz, nem o mais bonito. Algumas vezes é o último avião a ter sido voado, outras, o que mais se voou. No meu caso, como de muita gente, é o primeiro.
Algumas pessoas privilegiadas descobrem o que querem muito cedo na vida, e outras, ainda mais privilegiados, têm acesso a essa paixão também cedo. Não foi o meu caso, infelizmente, que embora trabalhe com aviação há mais de uma década, tirei minha licença para pilotar apenas aos 32 anos.
Por conta disso, minha experiência como piloto, que se resume apenas aos quatro últimos anos, não inclui muitos modelos. Ainda assim, fora o assento da direita do clássico e sempre atual Boeing 737 Next Generation com o qual ganho meu pão, coleciono algumas pérolas no currículo.
Tirei minha licença multimotor no Piper PA-34 Sêneca, e nele somo várias dezenas de horas – a maioria em manobras arrojadas previstas na formação FAA – mas em termos de performance nos bimotores leves, tive uma experiência valiosa no Beechcraft Baron BE-58. Foram menos de vinte horas nele, e todas de navegação, mas que máquina! O que perde de conforto com relação ao concorrente de Vero Beach, ganha em velocidade e suavidade dos motores, além do que, como dizem, “Baron bonito é pleonasmo”. Dentre os monomotores que voei, todos a pistão também, destaca-se o Piper PA-28 Archer III com o qual cruzei a costa leste americana, performance incrível para um avião de passo fixo, e a aeronave em que fiz todo meu treinamento IFR, o Cessna 172, um clássico que dispensa apresentações – uma aeronave tão consagrada que poucos pilotos ocidentais não tiveram a honra de voar um dia em pelo menos um de seus mais de 40 mil exemplares fabricados.
Além de algumas manobras num Bonanza com cauda V e até um pouso no P-56 Paulistinha – minha única incursão em aviões de trem convencional até agora – ambas sequer contabilizadas na minha logbook, revela-se por fim o grande amor da minha carreira, no qual tive o privilégio de voar de novo nestas férias após quase três anos sem entrar em um. E é dele que falaremos no próximo artigo. Até lá!