Reportagem do 60.º Aniversário da Esquadra 502
Salvam vidas, vigiam e perseguem infratores, protegem o ambiente, combatem fogos e transportam quase todo o tipo de bens e pessoas. São super-heróis pouco conhecidos porque assim desejam. Seja em missões secretas ou não, os militares da Esquadra 502 ‘Elefantes’, da Força Aérea Portuguesa (FAP), protegem os portugueses e os interesses nacionais todos os dias sem darem nas vistas.
“Sejam bem-vindos à melhor Esquadra do Mundo”. É o que se ouve à entrada da Esquadra 502 da Força Aérea Portuguesa sediada na Base Aérea nº. 6 em Montijo, Portugal.
Podia ser o lema dos ‘Elefantes’, mas não. É fruto do sentimento e espírito de missão dos militares da maior Esquadra da Força Aerea Portuguesa, que completa 60 anos de existência.
A Esquadra, que na sua origem executava missões de transporte aéreo e tático durante a Guerra Colonial Portuguesa, com o objetivo de transportar passageiros e carga para o teatro de operações e também intra-teatro, é caracterizada nos dias de hoje por ser multifunções. Das missões dos ‘Elefantes’ fazem parte o transporte aéreo geral, apoio logístico, vigilância marítima, busca e salvamento, evacuações aero-médicas, lançamento de tropas aerotransportadas, lançamento de carga aérea e ainda o transporte de altas entidades. O sucesso é garantido pelos militares que operam as 12 aeronaves C-295M, que vieram substituir os C-212 Aviocar em 2009.
É neste super-avião, assim designado pelo Comandante da Esquadra 502, tenente-coronel Pedro Bernardino, que os ‘Elefantes’ se têm distinguido a nível nacional e internacional, com uma média de 3.600 horas de voo por ano. Uma aeronave com características específicas para vários tipos de transporte e capaz de aterrar em pistas não preparadas, que permitem o apoio à população em geral.
Exemplo disso, são os destacamentos da Esquadra na Ilha de Porto Santo e no arquipélago dos Açores, cuja missão primária passa pela busca e salvamento. Quase todos os dias são salvas vidas nestes arquipélagos, através do aerotransporte de doentes e grávidas para ilhas dotadas de hospitais.
A nível internacional os ‘Elefantes’ colaboram com a FRONTEX (Agência Europeia de Gestão da Cooperação Operacional nas Fronteiras Externas dos Estados-membros da União Europeia) na vigilância e controlo das fronteiras externas e na detecção de imigrantes ilegais. Mais recentemente foi-lhes atribuída a missão de manutenção da paz nos conflitos bélicos no Mali, ao serviço das Nações Unidas, onde os militares portugueses prestaram auxílio na sustentação logística, evacuações e transporte de feridos. Para o comandante da Esquadra, “esta era a missão que nos faltava e hoje podemos dizer que estamos completos. Fazemos as missões todas em operação real”.
São 60 anos de história, missões vitoriosas, mais de 1.150 salvamentos e uma volta ao mundo “impossível de esquecer”, segundo as palavras de Pedro Bernardino, que caracterizam uma Esquadra constituída por 130 militares e um civil, que dão o corpo e a alma pela Pátria todos os dias, “deixando para trás familiares e amigos porque sabemos que somos importantes e que fazemos a diferença na vida das pessoas, mesmo que elas não o saibam”.
Para marcar esta data importante na família dos Elefantes realizou-se uma cerimónia na própria Esquadra a 20 de Março, com a entrega simbólica de um relógio comemorativo e com a apresentação de uma pintura numa das aeronaves C-295 alusiva aos Nord Aviaton “Noratlas” que faziam parte da Esquadra 32, pioneira da 502. O evento contou com a presença do Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, general Araújo Pinheiro, do Comandante Aéreo, tenente-general Lopes da Silva e de Ramon Báu da Airbus Military.
Pintura Especial Comemorativa
Texto: Rute Lacerda
Fotos: André Garcez
