O Estado angolano contraiu um empréstimo intercalar de 153,6 milhões de dólares para garantir a entrega de um avião Boeing 777-300 ER encomendado pela transportadora aérea TAAG, segundo um despacho presidencial publicado em Luanda e ao qual a agência de notícias portuguesa Lusa teve acesso.
De acordo com o documento, assinado pelo Presidente José Eduardo dos Santos, com data de 23 de agosto e que concede uma garantia soberana à operação, trata-se de um “empréstimo intercalar” concedido pela Boeing Capital Corporation (BCC), justificado pela “necessidade” da “pontualidade da entrega por parte do fabricante, prevista para agosto deste ano”.
Trata-se de um empréstimo intercalar (equivalente a 137,8 milhões de euros), tendo em conta o financiamento previsto pelo Exim Bank (banco de fomento das exportações norte-americanas) para esta aquisição, mas que ainda não estará disponível.
A entrega desta aeronave pela norte-americana Boeing, a última de uma encomenda de três, chegou a ser anunciada para junho passado pelo administrador da companhia aérea de bandeira angolana. Desde então, a TAAG tem vindo a cortar várias ligações menos lucrativas, de forma a reduzir os prejuízos.
Avião fez primeiro voo em abril deste ano
Com efeito a aeronave em questão, um Boeing 777-300ER, matrícula nacional D2-TEK, e batizado com o nome ‘Morro do Moco’ que é o ponto mais alto do território da República de Angola, encontra-se armazenado nas instalações da Boeing em Paine Field, Everett, desde há vários meses, a aguardar a resolução do financiamento. O avião saiu da oficina de pintura no dia 8 de março e fez o voo inaugural no dia 28 de abril, há já quatro meses. Desde então e depois dos acabamentos interiores e outros voos de teste foi armazenado junto do museu da construtora aérea norte-americana, de onde saiu há poucas semanas para nova série de voos, o que pressupõe que sejam os chamados voos de aceitação por parte da companhia aérea angolana.
O contrato para a aquisição de mais três aeronaves Boeing 777-300ER foi assinado entre a TAAG e a Boeing a 27 de março de 2012, tendo a primeira destas entrado ao serviço em 2014.
A terceira, explicou recentemente Peter Hill, presidente da companhia angolana, deveria ter chegado a Luanda no mês de junho passado, depois de concluído o processo de financiamento, para garantir as ligações de Angola para a América do Sul a partir de julho, o que não se concretizou até ao momento.
Estas aeronaves têm capacidade para transportar 225 passageiros em classe económica, 56 em executiva e 12 em primeira classe, possibilitando o acesso a telemóvel e internet a bordo.
A TAAG, empresa pública, foi autorizada anteriormente a contrair um empréstimo de 261,6 milhões de dólares (234 milhões de euros) para adquirir estes dois aviões Boeing 777-300ER.
TAAG tem uma das frotas mais modernas de África
Com a chegada do D2-TEK, a companhia passará a operar com oito aviões Boeing 777, três do modelo 200 e cinco do modelo 300, aviões modernos e de grande capacidade, o que torna a TAAG numa das companhias africanas com melhor e mais moderna frota para voos de longo curso. No médio curso, para viagens domésticas e regionais em África, a companhia utiliza uma frota de cinco aviões Boeing 737-700 construídos entre 2006 e 2008.
Com a recessão económica que atinge Angola a companhia aérea nacional, única que realiza voos para destinos internacionais, vê-se a braços com excesso de frota, uma questão que preocupa a atual administração da companhia que é gerida desde 2015 pela Emirates ao abrigo de um contrato com o Governo de Angola. Há projetos de novas rotas, nomeadamente para a Europa e, certamente, que após a chegada do novo avião, a TAAG irá anunciar soluções adequadas à situação que se vive no País e às necessidades do mercado.
- A imagem foi obtida em Paine Field, aeroporto de Everett, no Estado de Washington, nos EUA, onde a Boeing tem uma das suas principais linhas de montagem de aviões de longo curso, momentos após o voo inaugural do D2-TEK, no dia 28 de abril deste ano. Foto © Twitter/Woodys Aeroimagens/@woody2190